quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Confúcio, também conhecido como K'ung Ch'iu,

 

Nascimento e juventude

Confúcio, também conhecido como K'ung Ch'iu, K'ung Chung-ni ou Confucius, nasceu em meados do século VI ac, em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje Shantung. Segundo algumas fontes antigas, teria nascido em 552 ac (ou seja, no vigésimo primeiro ano do duque Hsiang).Esse estado é denominado de "terra santa" pelos chineses. Confúcio estava longe de se originar de uma família abastada, embora seja dito que ele tinha ascendência aristocrática. Seu pai, Shu-Liang He, antes magistrado e guerreiro de certa fama, tinha setenta anos quando se casou com a mãe de Confúcio, uma jovem de quinze anos chamada Yen Cheng Tsai, que diziam ser descendente de Po Chi'in, o filho mais velho do Duque de Chou, cujo sobrenome era Chi.
Dos onze filhos, Confúcio era o mais novo. Seu pai morreu quando ele tinha três anos de idade, o que o obrigou a trabalhar desde muito jovem para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos, resolveu dedicar suas energias em busca do aprendizado. Em vários estágios de sua vida empregou suas habilidades como pastor, vaqueiro, funcionário e guarda-livros. Aos dezenove anos se casou com uma jovem chamada Chi-Kuan. Apesar de se divorciar alguns anos depois, Confúcio teve um filho, K'ung Li.

Viagens

Confúcio viajou por diversos destes reinos, esteve em íntimo contato com o povo e pregou a necessidade de uma mudança total do sistema de governo por outro que se destinasse a assegurar o bem-estar dos súditos, pondo em prática processos tão simples como a diminuição de contribuições e o abrandamento das penalidades. Embora tentasse ocupar um alto cargo administrativo que lhe permitisse desenvolver as suas ideias na prática, nunca o conseguiu, pois tais ideias eram consideradas muito perigosas pelos governantes. Aquilo que ele não pôde fazer pessoalmente acabaram fazendo-o alguns dos seus discípulos, que, graças à boa preparação por ele ministrada, se guindaram, dia após dia, aos cargos mais elevados. Já idoso, retirou-se para a sua terra natal, onde morreu com 72 anos.
Confúcio é biograficamente, segundo o historiador chinês Sima Qian (século II a.C.), uma representação típica do herói chinês. Ele era alto, forte, enxergava longe, tinha uma barriga cheia de Chi, usava longa barba, símbolo de sabedoria, mas se vestia bem e era simples. Era também de um comportamento exemplar, demonstrando sua doutrina nos seus atos. Pescava com anzol, dando opção aos peixes, e caçava com um arco pequeno, para que os animais pudessem fugir. Comia sem falar, era direto, franco, acreditava ser um representante do céu.

Ideias

A sua ideologia de organização da sociedade procurava também recuperar os valores antigos, perdidos pelos homens de sua época. No entanto, em sua busca pelo Tao, ele usava uma abordagem diferente da noção de desprendimento proposta pelos taoístas. A sua teoria baseava-se num critério mais realístico, onde a prática do comportamento ritual daria uma possibilidade real aos praticantes de sua doutrina de viverem em harmonia.
Confúcio não pregava a aceitação plena de um papel definido para os elementos da sociedade, mas sim que cada um cumprisse com seu dever de forma correta. Já o condicionamento dos hábitos serviria para temperar os espíritos e evitar os excessos. Logo, a sua doutrina apregoava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem estar comum. A sua escola foi sistematizada nos seguintes princípios:
  • Ren, humanidade (altruísmo);
  • Li, ou cortesia ritual;
  • Zhi, conhecimento ou sabedoria moral;
  • Xin, integridade;
  • Zhing, fidelidade;
  • Yi, justiça, retidão, honradez.
Fotografia do túmulo de Confúcio em Qufu, Província de Shandong, China.
Cada um desses princípios ligar-se-ia às características que para ele se encontravam ausentes ou decadentes na sociedade.
Confúcio não procurou uma distinção aprofundada sobre a natureza humana, mas parece ter acreditado sempre no valor da educação para a condicionar. Sua bibliografia consta de três livros básicos, sendo que os dois últimos são atribuídos aos seus discípulos:
  • Lun yu (Diálogos, Analectos), no qual se encontra a síntese de sua doutrina.
  • Dà Xué (大学) (Grande Ensinamento) e
  • Zhong Yong (Jung Yung), ou a "Doutrina do Meio".
Após sua morte, Confúcio recebeu o título de "Lorde Propagador da Cultura Sábio Supremo e Grande Realizador" (大成至聖文宣王), nome que se encontra registado em seu túmulo.

Algumas Frases de Confucio

Nunca faças apostas, se sabes que vai ganhar ,é desonesto ,e se não sabes és um louco.

 O que destrói a criatividade é o senso do ridículo.

 O sábio envergonha-se dos seus defeitos, mas não se envergonha de os corrigir.

 O mestre disse: Não é grave se os homens não te conhecem, grave é se tu não os conheces.

Quem não é diligente na juventude terá velhice melancólica.


terça-feira, 19 de junho de 2012

Krishnamurti - Um Pensador

Quanto mais você está consciente de seus pensamentos-emoções, mais está ciente do seu ser completo. Então as horas de sono tornam-se uma intensificação das horas em vigília. Funções conscientes mesmo no assim chamado sono, das quais estamos bem cientes. Você pensa em um problema com muito afinco e mesmo assim não consegue resolvê-lo; você “dorme sobre ele”, frase que frequentemente usamos. De manhã descobrimos que suas saídas são mais claras, e parece que sabemos o que fazer; ou percebemos um aspecto novo dele que ajuda a esclarecer o problema. Por que isto acontece? Podemos atribuir-lhe muito mistério e despropósito, mas o que acontece? No assim chamado sono, a mente consciente, fina camada está quieta, talvez receptiva; ela preocupou-se com o problema e agora, estando consciente, está quieta, a tensão esvaneceu. Então as incitações das camadas mais profundas da mente são discerníveis e quando você acorda, o problema parece ter-se tornado mais claro e mais fácil de resolver. Portanto, quanto mais você está ciente de seus pensamentos-sentimentos durante o dia, não por uns poucos segundos ou durante um expediente, a mente torna-se mais calma, alerta, atentamente passiva, e assim capaz de responder e compreender as insinuações mais profundas. Mas é difícil estar tão cônscio; a mente consciente não é usada a tal intensidade. Quanto mais ciente a mente consciente, mais a mente interior coopera com ela, e assim há compreensão mais profunda e mais ampla.
 Muito tem sido escrito sobre a mente inconsciente, especialmente no Ocidente. Extraordinária importância lhe tem sido dada. Mas ela é tão trivial, tão rasteira quanto a mente consciente. Você pode observá-lo por si próprio. Se você observa verá que o que é chamado inconsciente é o resíduo da raça, da cultura, da família, de suas próprias motivações e apetites. Ela está lá, oculta. E a mente consciente está ocupada com a rotina diária da vida, indo ao escritório, sexo, e assim por diante. Dar importância a uma ou a outra parece absolutamente estéril. Ambas têm muito pouca importância, exceto que a mente consciente tem que ter conhecimento tecnológico para garantir uma subsistência.Esta constante batalha, ambas incluídas, no nível mais profundo assim como no nível superficial, é nosso estilo de vida. É um estilo de desordem, de confusão, contradição, miséria, e para uma mente presa a isso, tentar meditar é sem sentido, infantil.
Nós dividimos essa consciência em consciente e inconsciente. Estamos ocupados com um cantinho dela, o qual é a maior parte da nossa vida; e do resto estamos inconscientes, não sabemos nem mesmo como penetrá-lo. Nós o notamos somente quando há uma crise, quando há certa demanda urgente, uma determinada provocação imediata, que tem que ser respondida imediatamente, somente então agimos como entidades completas. Tendo dividido a mente em consciente e inconsciente, olhamos a partir do consciente – que é só uma pequena parte dela – no todo da mente. Agora o palestrante está perguntando: Existe tal coisa como o inconsciente, com certeza? Existe algo que esteja oculto, que tem que ser interpretado através de sonhos, mediante investigação, análise e assim por diante, que chamamos de inconsciente? Ou é apenas isso, porque você prestou atenção demais ao cantinho desse campo que chama de consciência e não prestou atenção ao campo inteiro, não está ciente de todo o conteúdo do campo. Para penetrá-lo muito cuidadosamente, você tem que olhar sua própria consciência. 
Vejam, nós só temos operado dentro da área do pensamento na medida do conhecimento. Certo? Existe outra parte, outra área da mente, a qual inclui o cérebro, que não seja tocada pelo esforço humano, dor, ansiedade, medo, e toda a violência, todas as coisas que o homem tem feito através do pensamento? A descoberta dessa área é a meditação. Isso implica a descoberta de se o pensamento pode chegar a um fim, mas ainda operar quando necessário, no campo do conhecimento? Precisamos do conhecimento, caso contrário não podemos funcionar, não seríamos capazes de falar nem capazes de escrever, e assim por diante. O conhecimento é necessário para o cérebro funcionar, e seu funcionamento torna-se neurótico quando o status torna-se de todo importante, o que é a entrada do pensamento como o “mim”, como status. Portanto o pensamento é necessário e, todavia a meditação é para descobrir, ou trazer à tona, ou observar, uma área na qual não haja nenhum movimento do pensamento. Podem os dois viver juntos, em harmonia, diariamente?
O cérebro tem capacidade infinita; ele é realmente infinito. Essa capacidade é hoje utilizada tecnologicamente. Tal capacidade tem sido usada para reunir informações. Essa capacidade tem sido empregada para armazenar conhecimentos – científicos, políticos, sociais e religiosos. O cérebro tem ficado ocupado com isso. Então, é precisamente essa função (essa capacidade tecnológica) que a máquina vai assumir. Quando isso acontecer, o cérebro – sua capacidade – vai encolher, assim como os meus braços se eu não os utilizar o tempo todo. A questão é: Se o cérebro não estiver ativo, se não estiver trabalhando, se não estiver pensando, o que acontecerá a ele? Ou ele mergulhará no entretenimento – e as religiões, os rituais e os pujas são entretenimentos – ou se voltará para a investigação interior. Essa investigação é um movimento infinito. Essa investigação é religião
 Os cientistas estão agora inventando a “máquina mais inteligente de todas”, um computador superior ao homem em todos os campos. Se a máquina pode superar o homem, então o que é o homem? O que é você? Qual é o futuro do homem? Se a máquina pode assumir todas as operações que agora pertencem ao pensamento, e fazê-las muito mais rapidamente, se pode aprender muito mais depressa, se pode competir com o homem e, de fato, fazer tudo o que o homem pode fazer – exceto olhar para a bela estrela vespertina, solitária no céu, ver e sentir sua extraordinária quietude, firmeza, imensidade e beleza – então o que é que vai acontecer à mente, ao cérebro do homem? Nossos cérebros têm vivido até aqui como resultado da luta pela sobrevivência mediante o conhecimento, e, quando a máquina assumir tudo isso, o que é que vai acontecer? Só há duas possibilidades: o homem se dedicará totalmente ao entretenimento – futebol, esportes, todas as formas de manifestação, frequentando templos e brincando com tudo isso – ou se voltará para dentro de si mesmo
 O cérebro tem extraordinária capacidade, mas foi condicionado e, por isso, é limitado. Não é limitado no mundo tecnológico (computadores e outras coisas), mas é muito limitado em relação à psique. Tem-se dito: “Conheça-se a si mesmo” – entre os gregos, entre os antigos hindus, etc. Estudam a psique dos outros, mas nunca estudam a sua própria. Os psicólogos, os filósofos, os especialistas, nunca estudam a si mesmos. Eles estudam ratos, coelhos, pombos, macacos, etc., mas nunca dizem: “Vou examinar a mim mesmo. Sou ambicioso, ávido, invejoso. Concorro com o meu vizinho, com os meus colegas cientistas.” É a mesma psique que existe há milhares de anos. Embora tecnologicamente, por fora, sejamos maravilhosos, interiormente somos primitivos, não somos? Portanto, o cérebro é limitado, primitivo, no mundo da psique.
 Observe por si mesmo como o cérebro funciona. Ele é o armazém da memória, do passado. Essa memória responde o tempo todo, em termos de gosto e aversão, de justificação, condenação, etc. Ela responde de acordo com o seu condicionamento, cultura, religião, educação, coisas que armazenou. Esse depósito de memória, a partir do qual nasce o pensamento, guia a maior parte da nossa vida. Ele dirige e modela a nossa vida todo o dia, minuto a minuto, consciente ou inconscientemente; ele gera o pensamento, o “eu”, que é a própria essência do pensamento e das palavras.

A habilidade da inteligência é colocar o conhecimento no seu devido lugar. Sem conhecimento não é possível viver nessa civilização tecnológica e quase mecânica, mas ele não transformará o ser humano e sua sociedade. O conhecimento não é a excelência da inteligência; a inteligência pode e deve usar o conhecimento e consequentemente transforma o homem e sua sociedade. A inteligência não é o mero cultivo do intelecto e sua integridade. Ela deriva da compreensão da consciência inteira do homem, você próprio e não uma parte, um segmento separado de você mesmo. O estudo e o entendimento do movimento de sua própria mente e coração dão à luz essa inteligência. Você é o conteúdo de sua consciência; conhecendo-se a si mesmo você conhecerá o universo. Este saber está além da palavra, pois a palavra não é a coisa. A libertação do conhecido, a cada minuto, é a essência da inteligência. É essa inteligência que está em operação no universo se você o deixa em paz. Vocês estão destruindo essa santidade da ordem através de sua própria ignorância. Essa ignorância não é banida por estudos que outros têm feito sobre vocês ou por vocês próprios. Vocês, por vocês mesmos, têm que estudar o conteúdo de sua própria consciência.

A maioria de nós está indiferente a esse extraordinário universo à nossa volta; nunca vemos nem mesmo o oscilar da folha ao vento; nunca prestamos atenção à folhinha da grama, tocamo-la com nossa mão e conhecemos a qualidade da sua existência. Isso não é apenas ser poético, então, por favor, não entrem em um estado emocional especulativo. Eu digo que é essencial ter aquele profundo sentimento pela vida e não ser aprisionado em ramificações intelectuais, discussões, aprovação em exames, citações, e desprezando algo novo afirmando que isso já foi dito. O intelecto não é o caminho. Ele não resolverá nossos problemas; o intelecto não nos dará o sustento que é imperecível. O intelecto pode raciocinar, discutir, chegar a uma conclusão por inferências e assim por diante, mas o intelecto é limitado, pois o intelecto é o resultado do nosso condicionamento. Mas a sensibilidade não. A sensibilidade não tem nenhum condicionamento; ela o leva diretamente para fora do campo dos medos e ansiedades. A mente que não é sensível a tudo a sua volta – à montanha, ao poste telegráfico, a lâmpada, a voz, ao sorriso, tudo – é incapaz de encontrar o que é verdadeiro. -

Em nossa busca por conhecimento, em nossos desejos de posse, estamos perdendo o amor, estamos embotando o sentimento de beleza, a sensibilidade à crueldade; estamos nos tornando mais especializados e menos integrados. A sabedoria não pode ser substituída pelo conhecimento, e nenhuma abundância de explicações, nenhum acúmulo de feitos libertará o homem do sofrimento. O conhecimento é necessário, a ciência tem seu lugar; mas se a mente e o coração são sufocados pelo conhecimento, e se a causa do sofrimento é desconsiderada, a vida torna-se fútil e sem sentido. E não é isso que vem acontecendo com a maioria de nós? Nossa educação vem-nos fazendo mais e mais superficiais, não nos está ajudando a descobrir as camadas mais profundas do ser, e nossas vidas estão cada vez mais desarmoniosas e vazias.A informação, o conhecimento de fatos, embora sempre crescente, é por sua própria natureza limitado. A sabedoria é infinita, ela inclui o conhecimento e o modo de agir; mas nos apossamos de um galho e pensamos que é a árvore inteira. Através do conhecimento da parte, não podemos nunca perceber a alegria do todo. O intelecto nunca pode conduzir ao todo, pois ele é apenas um segmento, uma parte. -

Há uma distinção entre intelecto e inteligência. Intelecto é o pensamento funcionando independentemente da emoção, ao passo que inteligência é a capacidade de sentir tão bem quanto raciocinar; e até que abordemos a vida usando a inteligência ao invés do intelecto apenas, ou com emoção somente, nenhum sistema político ou educacional pode salvar-nos das redes do caos e destruição.O conhecimento não é comparável com a inteligência, conhecimento não é sabedoria. A sabedoria não é comerciável, não é uma mercadoria que possa ser comprada com o preço do aprendizado ou disciplina. A sabedoria não pode ser encontrada em livros; não pode ser acumulada, memorizada ou armazenada. A sabedoria vem com a renúncia do eu. Ter uma mente aberta é mais importante que aprender; e podemos ter uma mente aberta não a abarrotando de informação, mas estando cônscios de nossos próprios pensamentos e sentimentos, observando cuidadosamente a nós mesmos e as influências sobre nós, escutando os outros, prestando atenção ao rico e ao pobre, o poderoso e o humilde. A sabedoria não vem através do medo e da opressão, mas através da observação e da compreensão dos incidentes cotidianos no relacionamento humano. -

Psicologicamente, internamente, é o pensamento necessário? Deve-se entender essa questão muito profundamente. O homem, através de milênios e milênios, tem sido aprisionado nesse padrão. E nesse padrão nunca há liberdade, porque o conhecimento, sendo limitado, nunca pode trazer liberdade. Precisamos de liberdade absoluta para achar aquilo que é eterno – obviamente – libertação de todo apego, que significa libertar-se de todo conhecimento. Portanto o conhecimento, embora necessário numa certa direção, é a coisa mais perigosa que temos internamente. Estamos agora acumulando uma grande quantidade de conhecimento, sobre o universo, sobre a natureza de tudo – cientificamente, analiticamente, arqueologicamente, e assim por diante. E esse conhecimento pode nos estar impedindo de agir como seres humanos totais, completos. -
O conhecimento é absolutamente essencial. Você pode tornar-se dependente dele, afastar-se dele, mas a imensidão do conhecimento é uma necessidade humana. Agora, é o conhecimento necessário ao relacionamento entre seres humanos? Estamos relacionados uns com os outros, somos seres humanos, vivemos na mesma terra, essa é nossa terra, não a terra Cristã, ou Inglesa, ou Indiana, a sua beleza, sua maravilhosa riqueza, ela é nossa para ser desfrutada. E que papel tem o pensamento no relacionamento? Relacionamento significa estar relacionado, relacionamento significa responder um ao outro em liberdade, com sua responsabilidade. Então, que papel tem o pensamento no relacionamento? O pensamento, que é capaz de recordar, imaginar, idealizar, projetar, calcular: Que papel ele tem no relacionamento humano? Ele tem algum papel, afinal? -

A dependência do conhecimento é como qualquer outra dependência; ela oferece uma fuga do medo do vazio, da solidão, da frustração, do medo de ser nada. A luz do conhecimento é uma delicada cobertura sob a qual repousa uma obscuridade que a mente não pode penetrar. A mente é temerosa desse desconhecido, e assim escapa para o conhecimento, para as teorias, esperanças, imaginação; e esse mesmo conhecimento é um obstáculo à compreensão do desconhecido. Pôr de lado o conhecimento é invocar o medo, e negar a mente, que é o único instrumento de percepção que se tem, é ser vulnerável ao sofrimento, ao prazer. Mas não é fácil pôr de lado o conhecimento. Ser ignorante não é ser livre do conhecimento. Ignorância é a falta de autoconsciência; e conhecimento é ignorância quando não há nenhuma compreensão dos caminhos do eu. A compreensão do eu é a libertação do conhecimento. -

Até que nós comecemos a quebrar este círculo vicioso da ignorância que somente cria mais ignorância, a autoconfiança não poderá promover a libertação da dor. Contudo, para entender esta continuidade da ignorância e da dor, cada um tem de se tornar completamente autoconfiante para ser capaz de explorar o desejo, o medo, as tendências, as memórias e assim por diante. A mera autoexpressão não é criatividade, e para se ser verdadeiramente criativo, é necessário entender o processo do eu e então ser livre dele. Através de séria conscientização do que realmente está se expressando, nós começamos a entender as causas limitadas do passado que controlam o presente, e neste entendimento esforçado vem uma libertação da causa da ignorância. A verdadeira autoconfiança, não a autoconfiança com o propósito de uma mera expressão agressiva do eu, pode acontecer somente através da compreensão do processo do desejo, com seus valores limitantes, medos e esperanças; então a autoconfiança tem grande significado, pois através de uma própria conscientização esforçada existe totalidade, plenitude. 

TA falta de compreensão de si próprio é ignorância. Isto é, é preciso discernir como se surge, o que se é, todas as tendências, as reações, os motivos escondidos, as crenças autoimpostas e buscas. Até que cada um entenda isso com profundidade, não pode haver cessação da dor, e a confusão da ação dividida, em econômica e religiosa, pública e privada, continuará. Os problemas humanos que nos perturbam agora desaparecerão somente quando cada um for capaz de discernir o processo autossustentável da ignorância. Para discernir é necessário paciência e consciência constante. - 

Ao perceberem a impermanência do eu, existem aqueles que dizem que o permanente é encontrado quando se joga fora as muitas camadas do eu, o que requer tempo, e então, é necessário reencarnar. O eu, o resultado do desejo, a causa da ignorância e dor, continua enquanto observamos; mas para entender e transcender, não devemos pensar em termos de tempo. Através do tempo o atemporal não é percebido. Esta abordagem da realidade através do gradualismo, através do lento processo evolucionário, através do nascimento e morte não é errônea? Isto não é a racionalização do pensamento condicionado, do adiamento, da preguiça e ignorância? Esta ideia de gradualismo existe, não é mesmo, porque nós não pensamos-sentimos de maneira direta e simples. Nós escolhemos uma explicação satisfatória, uma racionalização do nosso esforço confuso e preguiçoso. Através do pensar condicionado, através do adiamento pode o real ser descoberto? O eu, a causa da ignorância e tristeza - pode tornar-se gradualmente perfeito através do tempo? Ou através do tempo pode o eu dissolver a si próprio? Isto que é em sua própria natureza a causa da ignorância - pode tornar-se iluminado? Ele não deve deixar de existir antes que possa haver luz? Sua cessação é uma questão de tempo, um processo horizontal, ou a iluminação é possível somente quando o pensamento-sentimento abandona este processo horizontal de tempo e pode então pensar-sentir verticalmente, diretamente? Ao longo deste caminho horizontal do tempo, do adiamento, da ignorância, não há verdade; ela pode ser encontrada verticalmente em qualquer ponto ao longo do processo horizontal se o pensamento-sentimento puder sair dele, libertando-se do desejo e do tempo. Esta liberdade não é dependente do tempo, mas da intensidade da consciência e da plenitude do autoconhecimento.
A ignorância existe mesmo quando alguém possui grande conhecimento, uma boa educação, é sofisticado, tem uma grande capacidade em atividades na qual se adquire fama, notoriedade, dinheiro. A ignorância não é dissipada pela acumulação de um grande número de feitos e muita informação – o computador pode fazer tudo isso melhor do que a mente humana. A ignorância é a absoluta falta de autoconhecimento. A maioria de nós é superficial, mesquinho, tem muita tristeza e ignorância como parte da nossa sina. De novo, isto não é um exagero, não é uma suposição, mas um fato real de nossa existência diária. Nós somos ignorantes de nós mesmos e nisso repousa muito sofrimento. Essa ignorância origina toda forma de superstição, perpetua o medo, engendra esperança e desespero e todas as invenções e teorias de uma mente astuta. Portanto a ignorância não só cria sofrimento, mas causa uma grande confusão em nós mesmos.

Um grande número de cientistas no Ocidente tem-se dedicado à questão do cérebro. Eles dizem que estamos usando somente uma parte muito pequena do cérebro. Podemos observar se isto é verdade em nós próprios, pois isto é parte da meditação para descobrir – por nós mesmos – se todo o cérebro ou apenas uma parte muito pequena está operando. Agora, o pensamento é a resposta da memória que tem sido armazenada através do conhecimento; o conhecimento é apreendido através da experiência. Isto é, experiência, conhecimento, memória armazenada no cérebro, então há o pensamento e a ação. Este é o nosso padrão de vida, e todo o processo é baseado nesse movimento. O homem tem feito isso durante os últimos milhões de anos. Ele está aprisionado no ciclo, que é o movimento do pensamento. E dentro dessa área ele tem escolha. Ele pode ir de um canto a outro e dizer, “Esta é minha escolha, este é meu movimento de liberdade” – porém isto está sempre no limitado campo do conhecido. E o conhecimento está sempre acompanhado pela ignorância porque não existe conhecimento completo sobre coisa alguma. Portanto estamos sempre nesse estado contraditório: conhecimento e ignorância.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Onde a luz está, a escuridão não está


O conflito no qual vivemos não é uma disputa entre o bem e o mal, entre o ego e o não-ego. A disputa está em nossa própria dualidade autogerada, entre nossos vários desejos autoprotetores. Não pode haver um conflito entre luz e escuridão; onde está a luz, a escuridão não está. Enquanto existir o medo, o conflito deve continuar embora esse medo possa se disfarçar sob diferentes nomes. E como o medo não pode se libertar através de nenhum meio, pois todos os seus esforços emanam de sua própria fonte, deve haver a cessação de todas as defesas intelectuais. Essa cessação chega espontaneamente quando a mente revela para si seu próprio processo. Isto acontece apenas quando há consciência integral, que não é resultado de disciplina, ou de um sistema moral ou econômico, ou de coação. Cada um tem que estar cônscio do processo da ignorância, as ilusões que a pessoa criou. O intelecto não pode guiá-lo para fora deste presente caos, confusão e sofrimento. A razão deve se esgotar, não por retirada, mas pela compreensão integral e amor da vida. Quando a razão não tem mais a capacidade de protegê-lo através de explicações, fugas, conclusões lógicas, então, quando há completa vulnerabilidade, total nudez de seu próprio ser, há a chama do amor. Só a verdade pode libertar cada um do sofrimento e confusão da ignorância. A verdade não é o fim da experiência, é a própria vida. Não é do amanhã, não está no tempo. Não é um resultado, uma aquisição, mas a cessação do medo, querer.

domingo, 13 de maio de 2012

HISTÓRIA DE MILAREPA - "O SANTO YOGUE DO TIBET"


A história de Jetsun Milarepa, da forma como é mais conhecida, foi narrada a seu principal discípulo, Rechung.
Esse momento legendário aconteceu na caverna de Nyanam, região na fronteira tibetana com o Nepal, próxima a Kyanga-Tsa, cidade onde Mila-Sherab-Gyaltsen (Mila, o Troféu da Sabedoria) nasceu, no século 11.

De infância abastada, Milarepa perdeu o pai, doente, aos 7 anos. Quando manifestou seu último desejo, o pai pediu que o menino, sua irmã e sua mãe fossem cuidados pelos tios, que deveriam também administrar todas as posses da família até a maioridade de Mila.
Mas a crueldade e a traição tomam conta da história. Os três foram forçados a trabalhar como escravos dentro de sua própria casa, e a herança lhes foi recusada.

Já adulto o suficiente para cuidar de si e de sua família, Mila foi atrás de um mestre para aprender a arte da magia negra a pedido de sua mãe, que desejava vingança. Aluno dedicado, logo teria aprendido feitiços capazes de criar com a própria mente um escorpião gigante.
O escorpião teria destruído a casa de seus tios, que estavam dando uma festa. "Ao todo morreram 35 pessoas, entre elas todos os filhos de seu tio", teria contado Milarepa ao discípulo Rechung.

Não contente com o derramamento de sangue, Milarepa teria mandado uma tempestade sobrepujar o vilarejo assim os vizinhos, que sabiam o escorpião ser obra sua, ficariam receosos o suficiente para não fazer nada contra sua mãe e irmã.
Assim o fez, como um vilão. "Milarepa atendeu ao desejo de sua mãe por vingança, mas não sentiu nenhum tipo de satisfação.
Na verdade, ele começou a perceber que algo faltava em sua vida", conta o mestre tibetano Chögyam Trungpa, fundador da Naropa University, no Colorado, a primeira universidade budista da América do Norte.

A fé

Ao compreender que a vitória nada lhe trouxera, Milarepa soube que precisava de um mestre para ensinar-lhe o caminho para a felicidade.
Simultaneamente, seu professor de magia negra, tocado pela proximidade de sua própria morte, colocou em perspectiva todos os atos de sofrimento que havia empregado sobre os outros e aconselhou seu discípulo a procurar o dharma (ensinamentos budistas).

É aí que Marpa entra na história, o professor a quem dedicou total devoção e com quem sentiu forte conexão até mesmo ao ouvir seu nome pela primeira vez. "Para alcançar realização genuína, é preciso identificar-se com a sabedoria do professor e dos ensinamentos, sem edição ou distorção
para seus conceitos próprios", explica Chögyan Trungpa.

Nas mãos de Marpa, ele passou pelo que os cristãos e a sabedoria popular em geral chamam de pão que o diabo amassou.
Ao pedir que seu discípulo construísse, desconstruísse e reconstruísse quatro prédios de diferentes formas e em diferentes lugares, estava lhe dando ferramentas para reconhecer e identificar sua própria mente, suas distorções e limitações, e então treiná-la.
Foi graças à diligência do aluno em atender aos mandos e desmandos que Marpa pôde forçar todos os limites de Mila, até que a lógica do ego e do interesse próprio entrassem em colapso. E só então Marpa aceitou conceder-lhe as iniciações e transmissões de ensinamentos que ele tanto queria.

O treinamento

Mila entrou em retiro fechado numa caverna atrás da casa de seu mestre, que o encorajava e nutria com sua sabedoria.
Em troca, o iogue correspondia com sua devoção, capaz de absorver a verdade da realização da mente do seu professor.
Para alcançar seu caminho, Milarepa deixou de lado tudo aquilo que é considerado o mínimo de conforto essencial para se viver: comida, roupas e uma cama quentinha.
Parece insano para os padrões do bom senso, mas dentro da verdade budista da impermanência do nosso corpo, da vacuidade de todos os fenômenos, da compreensão de que a mente é livre além dos conceitos, é possível encontrar a felicidade na renúncia de tudo o que se entende por conforto.

Quando chegou o momento de abandonar seu mestre e entrar em uma peregrinação solitária, tudo o que levou consigo foi a verdade do que Buda ensinou. Seu alimento era o que quer que lhe fosse oferecido.

Claro, não era fácil ser Milarepa. Por todo tipo de provação e obstáculo ele passou e persistiu. E a cada novo desafio compreendia que sua mente ainda podia ser trabalhada um pouco mais. Um exemplo é a história que Dzongsar Khyentse Rinpoche contou em sua visita ao Brasil,
no Khadro Ling, templo de budismo tibetano em Três Coroas (RS).

A renúncia

Dzongsar Rinpoche contou que um dia Milarepa saiu de sua caverna para recolher um punhado de gravetos para fazer fogo para sua sopa de urtigas.
No meio do caminho, um vento bateu a ponto de quase levá-lo aos ares na sua magreza e o fez derrubar os gravetos.
Ao tentar recuperar a lenha, sua tanga de algodão se soltou e, na iminência de perder tudo o que tinha para vestir, saiu correndo atrás da sua
própria tanga, tendo perdido seus poucos gravetos - situação que seria um convite a qualquer ser humano para pensar em morrer.
Já Milarepa, em meio a essa corridinha, se deu conta do ridículo da situação.
De que adiantaria tanto meditar se fosse para sair correndo atrás da primeira tanga que se soltasse? Assim, ele deixou a tanga ir e mais um apego
da sua mente se dissolver.

Em suma, Milarepa, com o poder do treinamento de sua mente, conseguia feitos como voar - mas não fazia disso motivo para sua adoração.
Ele renunciou comida, abrigo e fama. Aos 84 anos, quando chegou sua hora decisiva, morreu envenenado por um lama enciumado
(esse sentimento existe entre todos os humanos), não sem antes demonstrar mais um grande feito, transferindo por pouco tempo a doença para o
próprio artífice de sua morte, que, então convencido de sua realização, se tornou um discípulo.
Antes de morrer, o grande iogue percorreu o Tibete dando ensinamentos e ainda hoje até mesmo aquele que ouve falar seu nome é inspirado pela
sua realização.

De acordo com uma bênção de Milarepa proferidas no final de sua vida, ninguém, que ouvir o nome, Milarepa, ainda que seja apenas uma vez atrairá uma bênção instantânea e não renascerá em um estado mais baixo de existência, durante sete vidas consecutivas. 
Isto foi profetizado por Santos e Budas do passado, mesmo antes de sua vinda.

A SEGUIR UM RESUMO DA HISTÓRIA DE MILAREPA - "O SANTO YOGUE DO TIBET"


Milarepa do Tibete

Milarepa é um dos santos mais conhecidos tibetanos. Em um esforço sobre-humano, ele se levantou acima das misérias da sua jovem vida e com a ajuda de seu Guru, Marpa, o Tradutor, levou a uma vida solitária de meditação, até que atingiu o auge do estado iluminado, para nunca mais nascer de novo no Samgsara (redemoinho da vida e da morte) da existência mundana. Além da compaixão pela humanidade, 
ele se comprometeu com o ascetismo mais rígido para alcançar o estado búdico de iluminação e passar suas realizações para o resto da humanidade. 
Sua linhagem espiritual foi repassada aos seus discípulos principais, Gambopa e Rechung. 
Foi Rechung que registrou em detalhe os incidentes da vida de Milarepa para a posteridade. 
A narrativa de sua vida foi assim transmitida através de quase um milênio e tornou-se parte integrante da cultura tibetana. 
Além da narrativa Rechung de sua vida, resumidos a seguir, Milarepa de improviso compôs canções ao longo de sua vida relevante para a compreensão dos momentos drámaticos que tiveram influência sobre si mesmo e seus discípulos, de acordo com uma forma de arte que estava em prática na época. 
Essas músicas têm sido amplamente cantadas e estudadas no Tibete desde então e foram registradas como, as Cem Mil Canções de Milarepa. 
Sua devoção fiel, zelo religioso sem limites, paciência monumental, perseverança sobre-humana, e realização final são uma grande inspiração até hoje para todos. 
Sua vida auspiciosa iluminou a fé budista e trouxe a luz da sabedoria para os seres sencientes em todos os lugares.







A vida de Milarepa

Milarepa nasceu na família de Mila-Dorje Senge-no ano de 1052. Seu pai era um comerciante de lã e tornou-se rico para os padrões da época, quando sua esposa deu à luz um filho. 
O filho foi nomeado Thopaga que significa voz deliciosa de ouvir, e Thopaga, mais tarde conhecido como Mila-repa (Mila, o algodão revestido), 
A família vivia em uma grande casa de pedra, que consistia de três comodos mantidos no lugar por um grande pilar central e colunas que a sustentavam - uma mansão em comparação com as casas modestas de seus vizinhos. O irmão e a irmã do pai de Milarepa também se instalaram na área, juntamente com suas famílias, e o clã, muitas vezes se reúne na casa grande de pedra de Mila-Dorje-Senge. 
A família estava bem, e era generosa, tornando se muito querida por todos os parentes e vizinhos da região. 
que costumavam se reunir na casa para desfrutar das festas e encontro de amigos e vizinhos, e para bajular as crianças - o jovem filho Milarepa (então chamado Thopaga), e sua irmã, Peta, que era quatro anos mais jovem. 
Durante este período, a família desfrutava a admiração e atenção de seus vizinhos, comiam a melhor comida e usavam roupas extravagantes e jóias. 
Nessa época, o pai, Mila-Dorje Senge-, ficou gravemente doente e aceitou sua morte iminente, chamando a família para junto de si e dando a conhecer que tudo o que ele tinha sua propriedade inteira e todos os bens fossem colocados sob os cuidados de seu irmão e irmã, 
até que Milarepa crescesse e se casa -se  com Zesay, uma das meninas vizinhas que tinha sido prometida a ele em infância, segundo a tradição daqueles tempos. Após a morte do pai, no entanto, a tia gananciosa de Milarepa e o  tio que tinham sido encarregados para cuidar da propriedade, dividiram o espólio entre eles, desapropriando Milarepa, sua mãe e irmã Peta de todos os bens materiais . 
Eles foram forçados a viver com eles nas mais baixas acomodações e recebiam apenas alimentos e foram forçados trabalhar nos campos. Ao longo dos anos que se seguiram saúde da familia foram abaladas, suas roupas eram ásperas e esfarrapado, as cabeças dos dois filhos foram infectadas por piolhos. A mãe e seus dois filhos, que haviam sido os queridinhos da aldeia, agora tornara -se objetos de escárnio e abuso por 
todos, que passaram a despreza - los e ridicularizado-los.

Quando Milarepa chegou ao seu décimo quinto ano, sua mãe elaborou um plano para recuperar a herança perdida. 
Ela juntou os recursos que pudesse tomar emprestado dos vizinhos e parentes e fazer uma festa, convidando todos os que estavam presentes quando o marido tinha morrido e dado a conhecer os seus últimos desejos. 
Com os vizinhos reunidos e familiares foram festejar e beber chang (fermentado de cevada), ela se levantou e contou tudo o que seu marido havia dito em seu leito de morte, lembrando seu cunhado e irmã que eles foram responsabilizados para cuidarem da propiedade e agora que Milarepa tinha atingido a maioridade, todos os bens deveriam  ser-lhes restituída Mas a tia eo tio ganancioso alegaram que haviam sido 
os proprietários originais e que só haviam emprestado a propriedade para a família Mila-Dorje Senge-e, portanto, Milarepa e sua mãe não tinha qualquer direito real sobre o imóvel. A tia e o tio começaram então a agredir a mãe e os dois filhos, chamando-os miseráveis, ingratos por agir assim depois de aceitar a caridade de viver com eles e comer sua comida. assim os expulsaram da grande casa de pedra para deixar a mãe e os filhos se defenderem sozinhos. 
Alguns dos parentes e vizinhos foram simpáticos à família de Milarepa, mas eles não foram suficientes na força ou números para se opor ao clã da tia e tio . E assim aconteceu que os três foram expulsos de sua própria casa. 
Os três foram obrigados a trabalhar duro, trocando seu trabalho por um pouco de comida ou roupa. 
Durante esse tempo eles não encontraram nenhuma alegria em suas vidas.



Um dia Milarepa passou cantando alto, orgulhoso de sua voz, sua mãe ao ouvi - lo teve uma explosão de infelicidade. 
Ela imediatamente o repreendeu por sua transgressão em face da miséria implacável de sua existência. 
Ela pensou sobre a situação e decidiu tomar uma atitude. Ela queria que ele aprendesse as artes negras da feitiçaria para se vingar de seus inimigos, a tia eo tio ganancioso. 
Milarepa concordou que ele poderia aplicar-se, ao abrigo de um bom professor, se sua mãe lhe proporcionasse dinheiro para o aprendizado e as despesas. 
Para fazê-lo, Ela vendeu metade da pequena parcela da propriedade que tinha pertencido ao seu lado da família antes de seu casamento e enviou 
Milarepa com o dinheiro. Antes que ele se fosse ela muito solenemente lhe disse que ela iria se matar se ele voltasse sem ter aprendido magia suficiente para ser capaz de causar alguns estragos em seus inimigos. Milarepa viajou buscando um Lama, que se sabia ser proficientes nas artes negras. Junto com alguns outros aprendizes jovens, Milarepa passou quase um ano de aprendizagem em ritos mágicos. 
No final do ano, os alunos foram dispensados e lhes foi dito que se eles se aplicassem diligentemente teriam sucesso em sua busca. Milarepa acompanhou seus companheiros por um tempo deles se despedindo, e, voltou para a casa do Lama. 
Ao longo do caminho, ele recolheu uma quantidade de adubo e cavou um buraco e enterrou no jardim da Lama como um pequeno presente para seu professor. O Dalai observado isso de seu telhado, e diz-se que ele comentou que nunca tinha tido um aluno mais carinhoso e trabalhador como o jovem rapaz Milarepa. Este último, entrou na presença do Lama e disse-lhe da promessa de sua mãe de se matar em sua presença, 
se ele não aprender alguma magia real. Ele então contou seu conto de aflição em todos os seus detalhes ao Dalai que ficou muito triste com a história. O Dalai decidiu conferir algum poder real a Milarepa, mas ele queria ter certeza de que a magia não seria usado injustamente, então ele mandou um discípulo à terra natal de Milarepa para descobrir se o conto era verdade. 
No retorno do discípulos, ele concordou em mostrar-lhe os verdadeiros rituais e o poder para invocar as divindades tutelares para se vingar. 
Milarepa absorveu todos os ensinamentos atenta e completamente realizando o ritual prescrito por 14 dias. No final do ritual das divindades tutelares que lhe apareceram em uma visão com as cabeças e os corações sangrentos de 35 dos familiares que lhes infligiram maus-tratos. 
O Lama informou que dois dos culpados tinham sido poupados e perguntou se ele Milarepa queria  suas vidas também. 
Ele respondeu que queria que eles fossem poupados, como testemunhas do poder de sua magia. Assim, aconteceu que os seus dois piores inimigos, a tia eo tio foram poupados do mal. A feitiçaria tomou a forma de um desastre que ocorreu no casamento da família. 
Todos os parentes que tinham sido mais ofensivo para com ele se reuniram na casa grande pedra para celebrar o casamento. 
Houve um grande tumulto fora e alguns dos cavalos mantidos no quintal começaram a chutar e correr violentamente, até que um deles correu para a coluna de suporte principal da casa de três andares com tal força que a casa toda desabou sobre a festa de casamento com ruído 
enorme matando todos que estavam em seu interior, exceto a tia eo tio. Tudo isso foi observado por alguns dos simpatizantes da família de Milarepa que estavam se aproximando da casa. A mãe de Milarepa soube imrdiatamente da catástrofe e estava em êxtase com alegria cruel. 
Ela veio exultante ver a destruição que seu filho havia causado, dizendo a todos a alegria que seu filho havia trazido para seu coração  envelhecido, fazendo tanta morte e destruição. Os parentes dos mortos ficaram bastante chocados com a tragédia e mais ainda por seu entusiasmo. Eles falaram sobre isso, mas estavam divididos sobre a possibilidade de se reunir e matá-la por vingança, ou ir atrás de seu filho Milarepa, que diretamente causou a destruição. Após a discussão eles decidiram encontrar e matar o filho. 
Logo seus planos foram contados à mãe de Milarepa e ela enviou uma mensagem ao seu filho, juntamente com várias peças de ouro que ela obteve com a venda da metade restante de seu lote de terra. Na nota, ela descreveu a alegria com o seu sucesso e pediu-lhe agora para lançar uma poderosa tempestade de granizo na área, destruindo as colheitas de seus inimigos e causasse medo em seus corações, de modo a evitar 
a retaliação. Milarepa recebeu a nota do peregrino correio e deu as peças de ouro para Lama, pedindo-lhe para lhe ensinar a arte de lançar tempestades de granizo. Armado com sua nova magia, Milarepa viajou incógnito de volta à sua terra natal e lançoude uma colina com vista para o vale de sua terra natal abaixo, os seus encantamentos e as nuvens escuras logo começaram a se reunir e, em seguida, uma sucessão de três tempestades de granizo poderosos que deixou em ruínas a cultura da cevada inteira daquele ano, 
uma cultura que teria sido uma das melhores.. Após a destruição, Milarepa recuou para uma caverna na 
encosta para escapar do vento frio e acendeu um fogo para se aquecer. Depois de algumas horas, ouviu alguns de seus antigos vizinhos andando para caverna onde se refugiaram, eles tinha adivinhado que ele era responsável por este mal e estavam imensamente indignados com a destruição 
que ele havia causado, em primeiro lugar as 35 pessoas mortas na festa de casamento, e agora a rica colheita da temporada de cevada - 
Os homens estavam conversando entre si, dizendo que se Milarepa caísse em suas mãos naquele momento, a sua vingança não poderia ser satisfeita sem cortar seu corpo em pedaços pequenos; tal era sua raiva. Naquele instante um deles avistou o fogo e adivinhou que era Milarepa se refugiando na caverna. Eles correram de forma rápida e silenciosamente para ir atrás dele. 
Mas, Milarepa fugiu e viajou de volta para o Lama.


O Lama felicitou Milarepa em seu sucesso, que agora estava profundamente arrependido de todas as maldades que sua mãe o incentivou a cometer. Ele ansiava por religião e realização não queria mais cometer atos de maldade. Ele se preocupava muito com pesadas dívidas de karma que ele tinha sofrido através de suas más ações e não conseguia pensar em mais nada. Queria pedir ao Guru Lama para a instrução 
religiosa, mas não tinha coragem de abordar o assunto e ele ficou, servindo fielmente ao Lama e esperando um momento oportuno para trazer à tona o assunto da sua salvação. 
O Dalai foi chamado longe para assistir a um de seus seguidores que morreu após uma curta doença. O Lama voltou lamentando que um homem tão excelente no auge de sua vida havia morrido tão de repente. 
Ele falou sobre a transitoriedade da vida e da miséria de sua existência terrena e, em seguida, começou a ruminar sobre sua própria vida. 
Ele passou toda a sua vida até aquele ponto praticando a arte de lidar com morte e destruição e ensinava as mesmas artes negras para muitos outros. 
Ao fazer isso ele teve que tomar pelo menos uma parte da responsabilidade cármica para todos os atos maus que tinham vindo de fora. 
Em seu estado de espírito de profundo remorso, ele pediu para Milarepa ir e procurar um professor do Dharma Santo e entregar-se. Esta foi precisamente a oportunidade que  Milarepa estava esperando. Ele orou para ser autorizado a levar uma vida religiosa e seu professor concordou prontamente, dando-lhe presentes e uma carta de apresentação para um Lama conhecido versado em uma doutrina chamada de 
"a Grande Perfeição". Milarepa foi até a Lama e pediu para ser ensinado. O Dalai lhe deu algumas instruções de meditação e lhe disse para ir práticar, mas depois de alguns dias, o Dalai teve um insight de que ele não era o professor adequado para Milarepa, então ele o enviou a um Lama chamado "Marpa o tradutor ". Marpa era amplamente conhecido, entre outros centros religiosos por suas viagens à Índia para obter ensinamentos sagrados que tinha trazido de volta ao Tibet em grandes feixes de pergaminhos. Marpa tinha sido iniciado por Naropa, um santo poderoso que tinha totalmente transferido seu estado exaltado de iluminação para seu discípulo Marpa.


Quando Milarepa ouviu pela primeira vez o Dalai proferir o nome "Marpa", ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo. De repente, todos os seus cabelos em pé e lágrimas de alegria começaram a fluir de seus olhos. Ele não pensava em mais nada, a não ser o momento em que ele finalmente 
poria os olhos em seu novo guru. No dia anterior à chegada de Milarepa, Marpa, o Tradutor teve um sonho no qual seu próprio Guru, o Grande, São Naropa lhe apareceu e lhe deu um dorje de cinco pontas (ou seja, cetro) feito da preciosa jóia lápis-lazúli. O dorje, no entanto, estava um pouco manchado e Naropa pediu-lhe para lavar a sujeira com um elixir de água benta em um vaso de ouro, até que brilhasse com todo esplendor e depois levantá-lo em cima de uma bandeira da vitória. Em seu sonho Marpa viu que o dorje, uma vez polido e levantado emitia um brilho radiante que brilhava em todos os seres sencientes das seis Lokas (os reinos físicos e espirituais ou mundos). Em seu sonho, o espetáculo do dorje radiante foi 
abençoado com as bênçãos dos vitoriosos (humanidade anterior que havia passado para o estado de Buda, ou iluminação). Marpa era um membro da seita Kargyutpa e uma das especialidades da linhagem foi divinatórias em eventos futuros, através da leitura de presságios. 
O sonho ele sabia que uma reunião importante com seu principal discípulo estava prestes a ter lugar e que sua tarefa era a expiar algum mau karma pelo qual o discípulo tinha sido manchada e depois trazê-lo ao estado de iluminação. Marpa saiu de sua casa contando à sua esposa Damema, que ele estava indo para arar seu campo naquele dia, uma coisa que ele nunca tinha feito antes. Marpa desceu e se manteve ocupado na lavoura até que ele avistou Milarepa subindo a estrada em direção a ele. Assim que Milarepa se aproximou e colocou os olhos sobre Marpa Lama, uma felicidade indizível apoderou-se dele e por alguns momentos, ele perdeu a consciência de seus arredores levados por um estado de êxtase. Tão logo ele se recuperou, se dirigiu Marpa como Reverendo Senhor e pergunteu onde ele poderia encontrar o fiel discípulo do famoso santo Naropa que foi chamado Marpa, o tradutor. Milarepa acrescentou que ele queria aprender a Verdadeira Doutrina pelo qual ele poderia obter livramento em uma única vida. Marpa ficou interiormente satisfeito, mas não demonstrou nenhuma emoção e apenas disse que iria conseguir 
uma audiencia com Marpa, e que Milarepa, aguardasse pois iria terminar a tarefa de arar o campo. O preço da audiencia seria Milarepa arar o campo Marpa ofereceu a Milarepa chang (bebida de cevada) como refresco. Milarepa agradeceu e bebeu toda a quantidade de chang oferecido. 
Milarepa então lavrou o campo com entusiasmo e até mesmo quando um dos discípulos aproximaram-se para chamá-lo à presença do Lama, 
Milarepa lhe pediu para esperar até que ele acabasse de arar o campo completamente, tal como solicitado por Marpa. 
Marpa teve estes dois presságios como sinais de rigor a seu novo discípulo e vontade de trabalhar para o objetivo espiritual. 
Após esta primeira reunião deu início a um período em que Marpa estendeu a meta de instrução espiritual e manteve Milarepa ocupado no extenuante trabalho físico construindo vários edifícios de pedra  . Por natureza Marpa era exteriormente um professor áspero e tirânico mas por dentro ele era todo o amor e compaixão. Pelos presságios anteriores de Milarepa relato de suas más obras, Marpa sabia que havia uma grande quantidade de mau karma a ser trabalhado e ele fingiu estar sempre de pavio curto e exigente com o rapaz que se mostrava sincero e fiel. 
Ele mantinha Milarepa construindo uma estrutura de pedra numa falésia rochosa apenas para em seguida derrubá-la novamente, e levar todas as pedras e pedregulhos de volta para onde foram encontradas, dizendo que havia mudado seus planos e agora queria uma nova estrutura construída em 
outro lugar. Isso foi repetido em três cumes diferentes até que finalmente ele ordenou que  Milarepa construisse um edifício muito grande, com muitos andares em mais um cume.
Durante as tarefas, nunca Milarepa perdeu a fé que ele iria receber as instruções que ele estava procurando e não titubeava diante de um esforço hercúleo, movendo pedras que normalmente só poderiam ser movidas pela força combinada de três homens. Ele empreendeu um esforço intenso 
de tal forma que ele usava o corpo para faze-lo, até que uma ferida apareceu tal o esforço que Milarepa fazia ao transportar pedras e argamassa. 
Seus braços e pernas estavam machucado. No entanto, ele continuou trabalhando, todos os dias esperando a última e ser favorecido com alguma instrução religiosa. Marpa em um gesto de reconhecimento, lhe mostrou a almofada de costas e lhe permitiu descansar enquanto o seu corpo era curado, mas nunca permitiu que ele Milarepa evitasse qualquer das obras que ele havia estabelecido.




Durante os anos em que toda esta construção estava acontecendo, Marpa continuou dando instruções aos seus outros alunos. Em várias ocasiões, vários indivíduos entre os discípulos foram submetidos a iniciações para receber as instruções sagradas e Milarepa ia tentar se juntar a eles, mas o Dalai o afastava com gritos de raiva e agressões violentas, causando-lhe grande sofrimento mental. 
Milarepa após um tempo seria mergulhado em desespero profundo com os pensamento de que as ações de Marpa eram devido somente ao mal que ele havia feito anteriormente. Às vezes, Milarepa considerava tomar medidas drásticas, mas cada vez que ele estava à beira de qualquer dúvidaa esposa de Marpa, Damema, lhe dava simpatia e conforto, contando-lhe o Dalai certamente logo iria favorecê-lo com alguma instrução. 
Logo outra oportunidade para instrução apresentou-se com o início grandioso de alguns discípulos para o rito de Mandala Gaypa Dorje ". 
A esposa de Marpa, Damema secretamente deu uma rara pedra cor turquesa que tinha estado em sua família para Milarepa oferecer como uma oferta da taxa de iniciação e, em seguida, pediu-lhe para tomar o seu lugar, mais uma vez com os outros participantes para a iniciação. 
Quando chegou a hora para a cerimônia, Marpa se aproximou de Milarepa, examinou cuidadosamente a turquesa e pergunteu como ele chegou a possuir tal jóia
Milarepa tinha que confessar que a Reverenda Madre (Damema) havia dado a ele. 
Em resposta Marpa apenas lhe disse que se ele tivesse alguma coisa sua, para oferecer, ele poderia ficar. Pensando que talvez o Dalai iria amolecer e permitir-lhe receber a iniciação, Milarepa ficou e esperou. 
Mas isso só fez Marpa ficar mais furioso (pelo menos exteriormente) e ele jogou Milarepa ao chão com muita força e fez como se fosse bate - lo com um pau. 
Neste momento o rapaz sentiu como se seu coração tivesse partido, e chorando abertamente saiu de casa. 
No dia seguinte, o Dalai chamou-o e perguntou-lhe se a sua recusa em conceder a iniciação dele tinha abalado sua fé. 
Milarepa respondeu que ele só considerou que era o resultado de suas próprias maldades que o impediram de tomar o seu lugar na cerimônia, ao que ele começou a chorar de novo. Com isso, o Dalai ordenou em uma voz irritada, perguntando-lhe como ele ousava tentar culpar o Dalai para chorar assim em sua presença. 
Mais uma vez Milarepa foi afundado no absoluto desespero sentindo como se seu coração estivesse sendo arrancado. 
Milarepa saiu por si mesmo e as coisas que pensau sobre ele concluiu que nunca o Dalai ia conferir-lhe as verdades espirituais que ele estava procurando e que ele teria de buscar em outro lugar. Então ele procurou Damema e disse-lhe de seus planos para encontrar um outro Guru. 
Ela concordou com relutância que parecia o Dalai nunca lhe daria qualquer instrução. Portanto, ela deu-lhe algumas relíquias do Guru Marpa que Naropa lhe deu como um presente e enviou-o para outro Lama altamente desenvolvida, Ngogpa, que era da mesma seita como Marpa. 
Ela escreveu um bilhete pedindo Lama Ngogpa para ensinar Milarepa algumas instruções religiosas e seladas a nota com selo próprio de Marpa. 
Após uma curta viagem para o mosteiro, Milarepa chegou o Lama Ngogpa havia termindo uma palestra para um grande número de seus alunos. 
Ele estava lendo: "Eu sou o Expositor e eu sou a verdade Eu sou o Mestre do Mundo Eu sou o Ser que ultrapassou todos os estados de existência mundana Eu sou o único...." 
Ao pronunciar estas palavras, ele olhou para cima para ver Milarepa prostrado diante dele em saudação. 
O Lama tomou este simples sinal como um sinal de que Milarepa, um dia se tornaria um mestre de toda a tradição religiosa. 
Milarepa apresentou ao Lama as relíquias sagradas de Naropa e da nota que pedia a instrução, o Dalai estava muito feliz de ser tão favorecido com auspiciosos presentes e ele, então, ordenou uma grande celebração. Lama Ngogpa tinha ouvido falar do grande feiticeiro (como Milarepa foi chamado) e tinha pensado sobre o envio de Milarepa para ele. O Dalai explicou a Milarepa que muitos dos seus alunos tinha sido assaltados e roubados de seus poucos pertences e materiais por parte dos habitantes sem lei de uma das províncias vizinhas.
Ele então despachou Milarepa para lançar uma chuva de granizo poderoso na área, prometeu a Milarepa que, logo que isso fosse realizado, ele lhe daria as instruções que ele procurava. Milarepa se arrependeu amargamente de seu destino e, em vez de começar o ensino religioso, ele estava agora sendo solicitados a cometer atos ainda mais maldosos. Mas ele não viu nenhuma maneira de escapar,  ele poderia recusar 
mas neste caso não receberia o que tanto ansiava, assim sendo partiu para a província e montou o seu aparelho em uma colina e começou os ritos. 
Logo uma tempestade grande e violenta se iniciou e soltou grandes quantidades de chuva e granizo. 
Depois que a tempestade passou, ele viu que os campos de cereais tinham sido destruidos, as colinas ao redor estavam arrazadas e muitos dos animais domésticos dos moradores, bem como pássaros, ratos e outros animais morreram no tempestade. 
Encontrou um pastor que tinha perdido todo o seu rebanho, Milarepa disse -lhe que que se não deixassem de roubar os peregrinos religiosos passando pela área ele enviaria tempestades de granizo mais desastrosas. Ao ouvir isso as pessoas ficaram profundamente impressionados com o poder do Dalai Ngogpa e não só se abstiveram  de roubar os peregrinos no futuro, mas muitos deles se tornaram seguidores devotados e fieis.




Milarepa retornou ao Lama em desespero lamentando o fato de que ele veio à busca de ensino religioso, mas em vez tinha sido foi obrigado a cometer mais maldades. O Dalai para consolá-lo disse - lhe que todos o que tinham perecido no dilúvio em tempos futuros iriam eles próprio tornar se alunos no caminho para o estado de Buda. 
Lama Ngogpa cumpriu sua promessa a Milarepa e iniciou-o no rito sagrado da Mandala de Gaypa Dorje. 
Milarepa foi então conduzido para uma caverna solitária onde foi emparedado. Agora ele estava iniciando as suas práticas de meditação. 
Uma pequena abertura foi deixado para entregar comida e água. Milarepa seguiu as instruções do Lama e iniciou seu periodo de  meditação com grande zelo, com um esforço prodigioso de sua parte, mas, ele falhou totalmente e não experimentava qualquer tipo de desenvolvimento espiritual. 
Depois de um tempo o Dalai veio até ele e perguntou se ele tinha experimentado tal e tal experiencia, Milarepa respondeu negativamente. 
O Dalai ficou confuso, pois o aluno deveria ter tido pelo menos algum grau de experiências nesse ponto. 
Milarepa ficou interiormente alarmado com esta noticia e pensou que era porque ele não tinha as bênçãos de Marpa. 
Ele estava com medo de dizer qualquer coisa e por isso ficou quieto e o Dalai orientou para que ele continuasse com suas práticas. 
Nessa época, Lama Ngogpa recebeu uma intimação de Marpa para acompanhá-lo para um grande evento religioso. 
A carta também afirmou que Dalai Ngogpa deveria mandar de volta a "pessoa má" que se refugiara com ele. 
O Lama foi para a caverna de Milarepa e leu a carta para ele.Milarepa confessou que na verdade, não era Marpa que o havia enviado ali para a instrução, mas sua esposa, a Reverenda Madre Damema. 
O Lama afirmou então que, nesse caso,  estavam envolvidos em um trabalho totalmente inútil. 
Lama Ngogpa chamou todos seus alunos recolheu um grande número de objetos, todo o seu gado e levou como oferendas na cerimónia, na residência de Marpa. 
Quando estavam a uma curta distância, Lama Ngogpa enviou Milarapa na  frente para informar Marpa que eles estavam perto para que ele pudesse enviar alguns der seus discípulos com refrescos (de acordo com os costumes da época). Milarepa apressou-se a ir residência de Marpa e encontrou primeiro Damema. Cumprimentaram-se com grande alegria, como mãe e filho. Ela então lhe disse para ir para dentro e prestar seus respeitos a Marpa. 
Marpa estava no andar de cima da casa e quando Milarepa foi em sua direção, Marpa desapareceu de sua frente. Milarepa tentou se aproximar dele de novo e Marpa voltou a desaparecer. 
Então, Milarepa disse - lhe que se ele não estava disposto a aceitar a sua homenagem, Marpa deveria, pelo menos, preparar uma recepção para a Lama Ngogpa que estava chegando. Marpa ficou furioso com isso e respondeu que quando ele próprio regressava da Índia com uma carga de ensinamentos preciosos, nem um pássaro coxo foi cumprimentá-lo. Milarepa saiu para encontrar Damema. 
Os dois, juntamente com alguns dos discípulos de Marpa com uma quantidade de chang foram cumprimentar Lama Ngogpa. 
Uma vez que o grupo inteiro se reuniu, a consagração religiosa da residência de Marpa foi realizada.
Alguns dias depois, Marpa ao pé da orelha de Lama Ngogpa   sussurrou que lhe faltava - o atalho do Caminho Imutável - através do qual é possível atingir a Nirvana em uma única vida. Após isso Marpa fez uma grande festa , incluindo os seus próprios discípulos e todos aqueles que se tinham reunido aí vindo de locais distantes. Durante a festa, Marpa sentado, olhou ferozmente para  Lama Ngogpa e de repente apontando um dedo acusador para ele e olhando para o longo cajado que ele tinha ao seu lado, exigiu satisfação de Lama Ngogpa por seu comportamento indesculpável na concessão de ensinamentos para a Milarepa. O Lama estava apavorado e respondeu-lhe que ele só tinha realizado as instruções 
que Marpa tinha escrito na sua carta, assinada com seu próprio selo e acompanhada pelas relíquias de São Naropa para mostrar a sua autenticidade. 
Marpa, então, olhou para Milarepa e exigiu saber onde obteve as relíquias de Naropa. Milarepa encolhido em terror sentiu a sua alma 
naufrágar. Ele passou rapidamente de um estado de terror extremo a um de angústia extrema, sentindo-se mais uma vez como se seu coração estivesse sendo arrancado. Ele começou a tremer e mal conseguia falar para o seu terror. Ele se sentiu compelido a informar que a Reverenda Madre Damema o tinha enviado para o Lama com a nota e as relíquias de Naropa. Marpa voltou ferozmente para Damema para acusá-la, mas antecipando um evento como esse, ela já havia escapado do quarto e entrou na capela, fechando a porta atrás dela. Marpa, exigiu que Dalai Ngogpa voltasse ao seu mosteiro e lhe trixesse de volta as guirlandas e o Rosário de rubis que antes pertenciam a Naropa 
O Dalai saiu imediatamente para fazê-lo e encontrou Milarepa fora que também havia fugido quando a Reverenda Madre correu para 
fora da sala. Milarepa estava em um canto chorando desesperado e perguntou ao Dalai como agrada - lo para garantir que na sua próxima vida 
tivesse chance de alcançar a iluminação. Ele explicou que por causa de todas as maldades que cometeu, ele não só tinha feito a si mesmo sofrer, 
mas também envolveu o Lama e a reverenda madre em seu sofrimento. 
Ele já tinha perdido toda a esperança de alcançar ensinamentos nesta vida e em seu desespero, planejava tirar sua própria vida ali mesmo. 
O Dalai-se explodiu em lágrimas e pediu a Milarepa não tirar sua própria vida, informou-lhe que a doutrina dizia que todos os vários princípios 
corporais e faculdades são divinas e que, para terminar prematuramente a vida antes do período natural de dissolução seria o maior pecado de 
todos  e ai sim sofreria o mais severo dos castigos. Então Lama Ngogpa procurou confortar Milarepa como fizeram muitos dos discípulos 
que se juntaram para oferecer sua simpatia. 
Mas Milarepa permaneceu em profundo desespero, amargamente arrependido dos atos negros que havia anteriormente cometido, 
que foram agora a causa de todo o sofrimento. 
Enquanto isso, toda a raiva de Marpa passou e ele ficou calmo e sereno e pediu a um de seus discípulos para ir e trazer Lama Ngogpa, Damema, 
Milarepa de volta à sua presença, Milarepa estava ainda mais desanimado. Ele invejava os outros, chamados que foram à presença de Marpa, 
Assim, ele permaneceu lá ainda chorando de desespero e Lama Ngogpa permaneceu com ele para acalmá-lo e certificar - se que ele não faria nada 
precipitado.

Marpa enviou Damema para solicitar a Milarepa que retornasse dizendo que ele agora iria ser o convidado de honra. 
Damema foi até ele com um largo sorriso e disse-lhe que parecia que Lama Marpa agora realmente iria favorecê-lo com algum ensinamento. 
Milarepa muito duvidava de que isso poderia ser verdade, mas mesmo assim voltou com os outros e todos tomaram seus assentos em torno de 
Marpa. Marpa fez um detalhado relato de tudo o que havia ocorrido a partir do momento que ele conheceu seu discípulo. 
Primeiro disse que havia posto Milarepa em trabalhos rígidos de construção para ajudar a absolvê-lo dos seus pecados. 
Sua própria raiva, ele disse não era raiva comum, mas a raiva espiritual ou religiosa e que tinha como objetivo incitar o arrependimento e contribuir
para o desenvolvimento espiritual do destinatário. Se ele tivesse tido a chance de mergulhar seu filho espiritual (Milarepa) em desespero nove vezes 
ele teria sido capaz de limpar completamente a ele de todos os seus pecados. 
Mas devido à pena descabida e entendimento estreito de sua esposa Damema, que interferiu em seus planos, ele só foi capaz de fazer isso oito vezes. 
No entanto, os sofrimentos que haviam sido submetidos a Milarepa limpou-lhe os grandes pecados e seu castigo limpou-lhe a maioria de seus 
pecados menores deixando-o com apenas uma quantidade residual de demérito a serem trabalhados. 
Marpa anunciou que finalmente poderia conferir a Milarepa essas iniciações e ensinamentos de sua seita que trazem libertação em uma única vida e, 
em seguida ele disse que Milarepa iria para uma caverna para começar suas meditações. 
Milarepa não tinha certeza se ele estava sonhando ou acordado, mas se estivesse sonhando ele desejou que este sonho não terminasse e começou a 
chorar, não de tristeza, mas pelo puro prazer indizível que agora estava possuindo sua alma. 
Ele fez reverência ao guru Marpa e a todos os presente admirados por sua severa e inflexível vontade, e por sua sabedoria e misericórdia em 
trabalhar por sua salvação. Todos estavam sorrindo. 
No dia seguinte, Marpa erigiu a Mandala Demchog e através de mantras, invocou a presença das divindades que 
presidiam a sucessão de gurus na Seita Kargyutpa de que Marpa era agora o detentor da linhagem atual. Milarepa tinha agora a visão 
das divindades tutelares presentes invocadas pela Mandala, recebendo assim a sua bênção em sua iniciação. Então Marpa deu-lhe instruções sobre
os métodos de meditação e explicou os significados de todos os presságios e os eventos que ocorreram desde a reunião inicial dos dois. 
Disse a Milarepa que ele teria discípulos cheios de fé, inteligência e energia, devido à sua própria fé, paciência e aceitação em todas as 
provas que ele tinha sofrido durante o seu período de limpeza. Milarepa começou seu treinamento em meditação. Marpa o colocou em uma 
caverna com uma fonte de provisões. 
Milarepa para iniciar suas meditações a cada dia, colocava uma lâmpada acesa em sua cabeça, e ficava meditando até que a luz se apagasse. 
Após onze meses Marpa e Damema vieram para tirá-lo do isolamento e avaliar seu progresso. Milarepa estava relutante em fazer uma pausa de 
suas meditações por causa do grande progresso que ele estava conseguinda, mas ele seguiu as ordens de seu guru. 
Marpa perguntou-lhe o entendimento que tinha obtido a partir de suas meditações. Milarepa cantou pela primeira vez 
uma canção que ele compôs em homenagem extemporaneamente a seu Guru e sua esposa e os ensinamentos que haviam sido dadas. 
Em sua canção, ele pediu para Marpa permanecer no mundo até que ele obtivesse oconhecimento necessário. 
Depois disso, ele resumiu suas realizações. 


 Marpa ficou extremamente satisfeito e disse a Milarepa que havia esperado muito, mas que suas expectativas foram todas 
superadas. Milarepa pediu, então, permissão para voltar para a caverna para mais meditação. Marpa estava envelhecendo. 
Desde que ele começou a ensinar Milarepa, ele fez duas para a Índia para visitar seu guru Naropa e receber os textos finais que 
ele não havia trazido em suas viagens anteriores. Marpa agora convocou todos os seus principais Lamas e discípulos, incluindo Milarepa, 
e deu a cada um desses, textos místicos que seria mais valioso de acordo com o desenvolvimento de cada um. 
Cada um também recebeu uma relíquia que pertencera a Naropa. Para Milarepa foi determinado o ensino de Tum-mo em que os fluxos ascendente 
e descendente ao longo da coluna vertebral são unidos para produzir o calor vital, tão necessária para a meditação nas grutas frias e solitárias do 
Himalaia. Em seguida, todos voltaram para sua própria província, exceto Milarepa, que continuou por mais alguns anos de meditação em uma 
caverna sob a direção de Marpa. 
Milarepa normalmente nunca dormia, mas meditava continuamente, porém um dia particular, ele tinha dormido por um longo tempo e teve um 
sonho vívido em que ele viu a casa que ele morou em como uma criança em ruínas. Ele viu os seus livros sagrados dentro da casa que caiu sendo 
arrastados pela água da chuva, sua velha mãe tinha morrido, e sua irmã vagava pelo campo, sem apegos e sem amigos. 
Em seu sonho ele estava chorando com grande tristeza e saudade de sua mãe e irmã, ele acordou se sentindo -se  muito triste. 
Ele tentou novamente a meditar, mas não podia a sua tristeza não permitia, em vez disso o sentimento ficou mais forte e mais forte até que ele 
decidiu sair para o mundo e tentar encontrar sua família. Então, ele derrubou a parede de pedra e fui ver o seu guru Marpa. 
Quando ele entrou para ver Marpa encontrou-o dormindo, com o sol nascendo, viu acender na cabeça de Marpa uma Luz. 
Nesse momento, Damema veio com a refeição da manhã. Marpa acordou, assustado em ver que Milarepa tinha deixado seu retiro na 
caverna. Milarepa explicou que ele foi acometido por pensamentos tristeza de sua amada mãe e irmã, que ele havia deixado para trás há muitos 
anos. 
Ele explicou a Marpa seu grande desejo de vê-los mais uma vez. Marpa sentiu que havia pouca chance de encontrar a mãe viva e pouco 
mérito em ir procura-las,mas, ele concordou em deixá-lo ir. Advertiu, o fato de Milarepa ter entrado em seus aposentos e encontrou-lo 
dormindo era sinal de que eles não se veriam vivos outra vez nesta vida. Marpa estava muito triste em pensar que ele não voltaria a ver seu 
filho espiritual vivo, mas sabendo que este era o caminho de todas as coisas perecíveis do mundo, pediu a Damema para preparar o altar com 
oferendas para a sua cerimônia de despedida. Então deu Milarepa a iniciação final e mais elevada, bem como as sagradas doutrinas tântricas 
sussurradas no ouvido 
Estas doutrinas, deu apenas para Milarepa, entre todos os seus discípulos. Ele disse a Milarepa, que por sua vez só entregá-las ao seu discípulo 
mais digno e assim por diante para as próximas treze gerações. Então, em uma cerimônia final com todo o conjunto de Lamas e discípulos, 
Marpa ocultamente manifestou-se nas formas de Gaypa Dorje e outros das divindades tutelares da seita Kargyutpa e também outras formas divinas 
juntamente com os vários símbolos associados a cada divindade tais como sinos, pedras preciosas, lótus, espadas, etc Ele então explicou que estes 
eram poderes psico-físicas obtidos após a iluminação e que eles nunca deveriam ser manifestados por uma causa indigna. 
Este foi seu presente de despedida para Milarepa, e isso, deixou seu filho espiritual, muito exaltado ao ver que seu Guru Marpa era 
verdadeiramente um Buda. Ele prometeu que ele mesmo iria ganhar poderes e mostrá-los a seus próprios discípulos. 
Marpa então lhe disse que ele poderia agora partir, pois ele havia demonstrado a miragem como a natureza de todas as coisas existentes. 
Ele instruiu Milarepa para meditar em várias cavernas feitas pelos santos anteriores na localidade do Monte Kailas, Kang Lapchi (Mt. Everest), 
e outros lugares santificados. Ele então deu a Milarepa um livro selado que era para ser aberto somente em terrível ameaça de morte iminente. 
Com grande tristeza, sabendo que não voltaria a se reunir na vida presente, Milarepa se despediu de seu amado Pai e Mãe Espiritual com o 
pensamento de que todos iriam se reunir novamente nos reinos celestiais.


Ele viajou rapidamente à sua terra natal. Quando ele chegou, encontrou as coisas exatamente como ele tinha visto em seu sonho. 
Sua mãe havia morrido, sua casa estava em ruínas e todos os vizinhos tinham medo de chegar perto dela pensando que era habitada por fantasmas 
maus. Sua irmã vagava, ninguém sabia onde. Seu campo foi tragado ervas daninhas. 
Ele entrou na ruína que era sua casa e encontrou um monte de capim crescendo sobre ela. Movendo a sujeira ele encontrou os ossos de 
que ele sabia ser sua mãe. Ele percebeu que nunca iria ver sua mãe novamente e uma profunda tristeza tomou conta de sua alma. 
Ele chorou amargamente na sua solidão. Lembrando os ensinamentos do seu Guru sobre a natureza transitória da realidade, ele colocou os ossos, 
usando o monte como um travesseiro e entrou em profunda meditação. Ele logo passou para o estado de samadhi no qual ele permaneceu por 
sete dias. Ao retornar à consciência normal, ele refletiu que o mundo já não tinha mais nada para tentá-lo ou prendê-lo. Ele prometeu uma e 
outra vez para si mesmo que a vida de meditação solitária era o único caminho para ele. Trocou sua casa e terra por algum alimento, e deixou 
para sempre sua antiga pátria e foi para a Gruta Draktar-Taso, a primeira de muitas cavernas, que ele foi para habitou durante o resto de sua vida.


Lá instalado na caverna espaçosa e confortável, nem mesmo dormia, mas meditava continuamente com exceção de uma única folga uma 
vez por dia para preparar uma refeição de farinha e água misturada com qualquer raiz comestível ou o que ele pudesse encontrar. 
com o tempo passando Milarepa adquiria proficiência no poder yogue de Tum-mo, a geração do calor interno, no qual o corpo gera uma 
grande quantidade de calor. Isto permitiu-lhe ficar relativamente quente através dos invernos frios tibetanos com nada além de um algodão 
fino que o cobria enquanto que a maioria das pessoas tinham que usar lã grossa e couro. Por esta razão ele veio a ser chamado Mila -. Repa ou 
Mila vestido de algodão, Sua rotina diária de meditação continuou por quatro anos até que seu estoque de farinha acabou. Isto causou-lhe grande 
preocupação porque ele tinha prometido a si mesmo não voltar ao mundo por qualquer motivo - mas sem comida, ele tinha medo que poderia 
morrer sem ter alcançado a libertação. Ele decidiu andar para fora da caverna em busca de algum tipo de alimento. Não muito longe da caverna, 
encontrou um local ensolarado com fontes de água fresca, uma visão abrangente da área, com uma grande quantidade de urtigas crescendo. 
Ele fez uma sopa de caldo de urtigas e achou que fosse um pouco palatável. Esta passou a ser sua única fonte de alimento por algum tempo. 
Ele continuou suas meditações com sua nova dieta, mas sem qualquer alimento substancial, seu corpo ficou magro e logo seu cabelo e seu corpo 
começaram a tomar o tom esverdeado das urtigas. Ele foi ficando muito fraco e muitas vezes pensou em abrir o livro que Marpa lhe tinha dado 
para um momento de extrema necessidade. Mas ele continuou a progredir em suas meditações. Nessa época, alguns caçadores tiveram a 
oportunidade de estar na área depois de não conseguir encontrar caça. Quando pela primeira vez puseram os olhos na forma pálida de 
Milarepa verde, eles fugiram no pensamento o terror de que ele não era um homem, mas algum tipo de espírito maligno. 
Mas Milarepa os fez ver que ele era realmente um ser humano, assim eles perderam o medo dele. 
então exigiram que Milarepa compartilhassem com eles alimento já que estavam sem comida, mas Milarepa disse-lhes que não tinha nada para 
compartilhar. Eles não acreditaram nele, vasculharam a área e não encontrando qualquer coisa começaram a tratá-lo mal. 
Três deles bateram em Milarepa várias vezes e ele caiu com grande dor, mas em sua miséria, ele só teve pena deles e derramou 
lágrimas pensando no mau carma que eles estavam criando para si mesmos. O quarto caçador aplacou os outros os fez parar de tratá-lo mal e 
deixá-lo sozinho, pois ele realmente parece ser uma lama de verdade por mostrar paciência com o seus maus-tratos. Antes de sair, 
o quarto homem solicitou Milarepa se lembrasse dele em suas orações desde que o homem não fez nada para ofendê-lo,  os demais sairam rindo 
ruidosamente. Mais tarde, Milarepa soube da retribuição divina, eles foram presos pelo Governador da província. O líder foi morto juntamente 
com outros dois, mas o quarto homem, que havia impedido os outros de prejudicar Milarepa, teve seus olhos arrancados e deixado com vida. 
A meditação continuou e Milarepa ia ficando cada vez mais magro. O cabelo em seu corpo tomou uma cor mais esverdeada. 
Novamente alguns caçadores por acaso encontraram sua caverna e também queriam suas provisões, mas vendo que ele estava vivendo só de urtigas,
deixaram o resto de suas próprias provisões e uma grande quantidade de carne. Milarepa era muito grato por ter um pouco de comida de verdade. 
A comida lhe deu uma sensação de conforto corporal e zelo espiritual que ele não havia experimentado em muito tempo e suas meditações 
assumiram uma nova intensidade. 
Mas, a comida acabou e mais uma vez ele voltou para seu caldo de urtiga.



Muitos anos se passaram desta maneira e há muito tempo sua irmã Peta não o via,  ouviu contos de caçadores que tinham visto seu 
acampamento. Eles informaram que seu irmão estava lá e parecia à beira da morte por inanição. Ela ficou surpresa ao ouvir, que ele 
estava vivo e recebeu a notícia de Zesay, que havia sido prometida em casamento a Milarepa na infância. As duas concordaram que a 
irmã deveria ir vê-lo primeiro e descobrir se os rumores eram verdadeiros. ao aproximar-se da caverna, Peta ficou horrorizado ao ver 
o corpo magro e verde de seu irmão, com ossos salientes e os olhos afundados em seu crânio. Issso, levou-a a pensar que aquele ser era um ser 
estranho ou um fantasma, mas reconhecendo a voz de seu irmão, ela correu para ele chorando e lamentando sua sorte. Ela expressou a ele que 
os dois eram as pessoas mais infelizes do mundo todo. 
Milarepa explicou que, ele era a pessoa mais feliz do mundo porque ele tinha alcançado o conhecimento transcendente e mente Bodhi 
(a visão interna de um Buda). Mas sua irmã sentia que ele estava apenas enganando a si mesmo. Peta tinha trazido provisões e chang, 
depois de partilhar algum alimento seu humor foi melhorando, quando Milarepa tentou meditar sua mente estava cheia com uma mistura de 
pensamentos piedosos e ímpios e ele era incapaz de se concentrar. 
Poucos dias depois, tanto a irmã, Peta, e sua noiva, Zesay, vieram visitá-lo trazendo carne curada, farinha, manteiga e chang. 
Ambas insistiram com ele para, pelo menos, sair pedindo suprimentos. Em seguida, elas foram buscar algum pano para cobrir seu corpo.
Mas Milarepa sentiu mais uma vez a "Lei da Impemanência". seu Guru lhe haviadito que a única via de sucesso nesta vida era através da 
meditação contínua. Ele próprio tinha medo de não alcançar a iluminação nesta mesma vida, e que nesse caso ele iria renascer 
em um estado mais baixo devido ao mal que havia cometido no início da vida, e assim ele perseverou em sua meditação. 
mas descobriu que sua mente estava agora perturbada e seu corpo estava experimentando várias dores. Não importava o quão duro ele tentava 
meditar ele não podia mais entrar no estado de samadhi. 
Sentindo que havia um  perigo maior do que não ser capaz de continuar com suas meditações, ele abriu o pergaminho que Marpa lhe tinha dado para
usar apenas em uma emergência extrema. Nele encontrou as instruções exatas necessárias para o tratamento da emergência atual e ele 
imediatamente colocou as instruções em vigor com o resultado suas meditações aumentaram como nunca por causa da comida saudável,
sentia-se fortalecido. O nó da coluna espinhal ao longo do qual os fluxos de energia psíquica foram sendo apuradas no plexo, abaixo do umbigo e a 
energia psíquica subiu pela espinha acima em sua plenitude. Ele experimentou uma calma supersensual e clareza que excedeu em sua intensidade 
e êxtase qualquer um dos estados que já havia alcançado. 
Ele atingiu a novos patamares de realização e o mais elevado estado de Nirvana e do estado ordinário de consciência,















Milarepa Manifestando poderes ocultos


Muito encorajado por este novo desenvolvimento, Milarepa redobrou seu zelo e começou a desenvolver os poderes siddhis ou yoga que acompanham 
a plena iluminação. Sua produção de calor vital interior também desenvolvida totalmente para que ele pudesse sentar-se facilmente entre as neves 
congeladas e derreter o gelo. Algumas das pessoas que ele havia encontrado agora sabiam sobre seus siddhis (poderes psíquicos) e assim 
Milarepa foi  para as cavernas ainda mais isolados para evitar um fluxo constante de pessoas próximas a ele com objetivos egoístas. 
Quando estava prestes a deixar a área , sua irmã Peta veio mais uma vez trazendo-lhe algum pano para ele prender e uma peça de roupa para o 
seu corpo nu. Ela permaneceu um tempo e ele tentou convencê-la a tomar a uma vida de meditação com ele. Mas o pensamento muito era 
repugnante para ela e ela só via a grande privação. Para ela, ele era a pessoa mais miserável sobre a terra e ela sentiu que mesmo que ela tivesse 
de pedir para ela própria comida e roupas, sua vida era muito melhor que o dele. Ela tentou convencê-lo a se tornar um lama do povo para que eles 
pudessem trazer-lhe oferendas em troca de bênçãos religiosas. Milarepa viu que não seria capaz de convertê-la a uma visão religiosa que ele, tinha 
explicou-lhe a doutrina do carma (isto é, a lei da retribuição) para que ela pudesse pelo menos se abstenham de incorrer em novas 
dívidas de ações prejudiciais. Enquanto Peta o estava visitando, sua tia malvada chegou, a tia que tinha começado toda a cadeia de eventos assim 
há muitos anos atrás, aproveitando a propriedade da mãe, viúva, de Milarepa. Peta viu a se aproximando e tentou impedi-la de chegar à caverna, 
retirando a ponte que atravessava o abismo para o outro lado, mas a tia pediu para ser ouvida. Seu irmão, o tio malvado que tinha conspirado com 
ela, tinha morrido, e agora ela estava profundamentearrependida de  tudo o que ela tinha feito e que ela tinha trazido uma carga de iaque de 
suprimentos e queria encontrar Milarepa, foi perguntando nas aldeias até que lhe disseram sobre um monge errante semelhante a uma lagarta verde
que tinha sido visto na área, e precisava falar com ele. Milarepa finalmente concordou, embora relutantemente, a falar com ela e ele fez vários 
discursos religiosos para ela lembrando-lhe de todos os sofrimentos e misérias que ela tinha sofrido. Em seu estado de miséria, a tia levou seus 
ensinamentos a sério e foi convertida, nocaminho que conferem libertação.
Peta também se despediu, tendo sua mente tambem voltada para a religião.







Milarepa foi para Lapchi-Kang (Everest) e continuou sua meditação em meio a neve e isolamento. No total, ele meditou em vinte cavernas que 
cobrem a região do Monte Kailas e Lapchi-Kang no Tibete e no Nepal. Diz-se que além de sua humana vivencia converteu alguns sobre-humanos 
(ou seja, não-consagrados), incluindo o Tserinma Goddess (uma das doze deidades guardiãs do Tibete que residem no Monte Kailas). 
A Deusa veio para tentá-lo com seus poderes durante suas meditações e em vez disso foi libertada. Durante suas viagens ao longo dos 84 anos de 
sua vida, ele encontrou muitos discípulos dignos que estavam destinados a ficar sob sua tutela. 
Maior entre os discípulos era Dvagpo Rimpoche (Gambopa). O mais conhecido entre eles foi Rechung que insistiu com ele 
para contar em detalhes a história de sua vida (resumido nesta narrativa) que foi escrita para o benefício de todos os seres sencientes, mesmo em 
um futuro distante. Estes dois discípulos foram, respectivamente, como o sol e a lua. O mais exaltado dos seres se reuniram por Milarepa foi um 
Maha-Purusha (Ser Grande), ele teve a sorte de ter essa excelente reunião - um ser exaltado mencionado pelo próprio Buda como um dos guardiães 
e protetores da raça humana. Além de seus dois principais discípulos, Milarepa teve 25 discípulos adicionais altamente talentosos, homens e 
mulheres, que se tornaram santos. Outros cem avançaram de tal forma que eles não foi necessário o renascimento. 
Mais cento e oito obtiveram uma excelente experiência e conhecimento da meditação. Mil sadhus e yogis, homens e mulheres, 
renunciaram à vida mundana e viveram vidas de piedade exemplar. Inumeráveis discípulos leigos tiveram uma relação religiosa com Milarepa para
que a porta de entrada para estados inferiores de existência fossem fechado para eles para sempre. Assim Milarepa irradiava luz espiritual como 
um farol, atraindo um grande número de seres sencientes em direção à luz da libertação e dissipar em todos direções a escuridão do egoísmo e da 
ignorância. 


ESTA É A HISTÓRIA RESUMIDA DE MILAREPA "O SANTO YOGUE DO TIBETE"