domingo, 31 de maio de 2015

Autoconhecimento - Raja Yoga

Certamente, para ir longe, você tem de começar muito perto; mas começar perto é muito difícil para a maioria de nós, pois queremos fugir de “o que é”, fugir ao fato do que somos. Sem nos compreendermos, não podemos ir longe, e estamos em constante relacionamento; não há existência alguma sem relacionamento. Portanto o relacionamento é o imediato, e para ir além do imediato, tem de haver a compreensão do relacionamento. Mas nós preferimos examinar aquilo que está bem longe, aquilo que chamamos de verdade, a realizar uma revolução fundamental em nosso relacionamento, e esta fuga para  a verdade é completamente fictícia, irreal. O relacionamento é a única coisa que temos, e sem compreendermos esse relacionamento jamais poderemos descobrir o que é a realidade. Portanto, para ocasionar uma mudança completa na estrutura social, na sociedade, o indivíduo tem de purificar o seu relacionamento, e a purificação do relacionamento é o começo da sua própria transformação. 
Observando-se a si mesmo


O autoconhecimento não se dá em conformidade com nenhuma fórmula. Você pode consultar-se com um psicólogo ou psicanalista para descobrir coisas sobre si mesmo, mas isso não é autoconhecimento. O autoconhecimento surge quando temos consciência de nós mesmos no relacionamento, o que revela o que somos de momento a momento. O relacionamento é um espelho em que podemos ver-nos como realmente somos. Mas a maioria de nós é incapaz de olhar-se tal como é no relacionamento, porque imediatamente começamos a condenar ou justificar aquilo que vemos. Nós julgamos, avaliamos, comparamos, negamos ou aceitamos, mas nunca observamos realmente “o que é”, e, para a maioria das pessoas, isto parece ser a coisa mais difícil de fazer; contudo somente isto é o começo do autoconhecimento. 

O relacionamento é o espelho em que podemos ver-nos como somos. Toda a vida é um movimento de relacionamento. Não existe nada vivo na Terra que não esteja relacionado com uma coisa ou com outra. Mesmo o eremita, o homem que parte para um lugar solitário, está relacionado com o seu passado, está relacionado com aqueles que estão ao seu redor. Não há como fugir ao relacionamento. Nesse relacionamento que é o espelho no qual podemos ver-nos, podemos também descobrir o que somos, as nossas reações, os nossos preconceitos, os nossos medos, depressão, ansiedades, solidão, sofrimento, dor, pesar. Podemos também descobrir se amamos ou se o amor não existe. 

Viver é estar relacionado. Portanto tenho que compreender e tenho que mudar. Tenho que descobrir como ocasionar uma mudança radical na minha relação, porque, afinal, isso produz guerras; é isso que está acontecendo no mundo. Não há , portanto, saída através do templo, através da mesquita, através das igrejas cristãs, através da discussão da Vedanta, deste e daquele e dos outros sistemas diferentes. Não há saída a menos que você, como ser humano, mude radicalmente a sua relação. Surge agora o problema: Como vou mudar, não abstratamente, a relação que está agora baseada em procuras e prazeres egocêntricos?

A relação só tem um significado verdadeiro quando é um processo de autorrevelação, quando nos revela a nós mesmos na própria ação da relação. Mas a maior parte de nós não quer ser revelada na relação. Pelo contrário, usamos a relação como um meio de encobrir a nossa própria insuficiência, as nossas próprias dificuldades, a nossa própria incerteza. A relação torna-se, portanto, mero movimento, mera atividade. Não sei se repararam que a relação é muito dolorosa, e que desde que não seja um processo revelador em que você descobre a si mesmo, a relação é simplesmente um meio de fuga de si mesmo. 

Para nos compreendermos profundamente, precisamos de equilíbrio. Isto é, não podemos abandonar o mundo, esperando compreender-nos, ou estar tão emaranhados no mundo que não haja ocasião de nos compreendermos. Tem que haver equilíbrio, nem renúncia nem aceitação. 

A compreensão de nós mesmos não chega através do processo de afastamento da sociedade ou através do isolamento numa torre de marfim. Se vocês e eu investigarmos realmente o assunto cuidadosa e inteligentemente, veremos que só conseguimos compreender a nós próprios na relação e não no isolamento. Ninguém consegue viver em isolamento. Viver é estar relacionado. Só no espelho da relação é que compreendo a mim mesmo, o que significa que tenho que estar extraordinariamente alerta nos meus pensamentos, sentimento e ações na relação. Isto não é um processo difícil ou um empreendimento super-humano; e como em todos os rios, enquanto a nascente dificilmente é perceptível, as águas ganham ímpeto à medida que se movem, à medida que se aprofundam. Neste mundo louco e caótico, se investigarem este processo deliberadamente, com cuidado, com paciência, sem condenar, verão como ele começa a ganhar ímpeto e que não é uma questão de tempo. 

Em um mundo de vastas organizações, vastas mobilizações de pessoas, movimentos em massa, temos medo de agir em pequena escala; temos medo de ser gente insignificante pondo em ordem a nossa própria parte. Dizemos a nós mesmos: “Que posso eu fazer pessoalmente? Preciso unir-me a um movimento de massas para fazer uma reforma.” Pelo contrário, a verdadeira revolução não ocorre por meio de movimento em massa mas mediante a revolução interior do relacionamento – só isso é reforma verdadeira, uma revolução radical, contínua. Temos receio de começar em pequena escala. Porque o problema é tão vasto, pensamos que temos de enfrentá-lo com grande quantidade de pessoas, com uma grande organização, com movimentos em massa. Certamente, temos de começar a procurar resolver o problema em pequena escala e na pequena escala do “eu” e do “você”. Quando eu compreendo a mim mesmo, compreendo você, e dessa compreensão vem o amor. 


E nós somos responsáveis. Não se engane dizendo: “Que posso fazer? Que posso fazer como indivíduo, vivendo uma vidinha de imitação, com toda a sua confusão e ignorância?” A ignorância só existe quando você não conhece a si mesmo. Autoconhecimento é sabedoria. Você pode desconhecer todos os livros do mundo (e espero que desconheça), todas as teorias mais recentes, mas isso não é ignorância. Ignorância é não se conhecer profundamente; e você não pode se conhecer se não conseguir olhar para si mesmo, ver-se como é realmente, sem nenhuma distorção, sem nenhum desejo de mudar.  

domingo, 10 de maio de 2015

Filosofia - O homem dividiu a Terra

Filosofia - O homem dividiu a Terra

O sistema numérico indiano e sua divulgação árabe

POR :- Denise Moraes

Foram várias as formas de contar ao longo da história do homem. Aqui  você já aprendeu que os povos primitivos contavam e que, depois deles, vários sistemas de numeração foram criados por diferentes civilizações: mesopotâmica, maia, egípcia, grega, romana, chinesa... Estes são apenas alguns exemplos. Todos estes sistemas foram inventados para facilitar a contagem. E facilitaram.

Mas mesmo com todo o avanço de cada um deles ainda era difícil calcular. Em alguns, eram muitos símbolos para representar um número e escrever um valor grande era difícil. Era o caso do egípcio, por exemplo. E esta dificuldade de escrever números grandes também prejudicava a adição, a subtração, a multiplicação e a divisão. Quer ver? Lembrando dos números romanos, imagine fazer a seguinte soma:













Complicado não é?  Muito.  E só começou a ficar mais fácil com a descoberta do sistema indiano de contar. O sistema numérico indiano, também chamado de hindu, não utilizava figuras ou letras para representar números. No início, ele era formado por nove símbolos, que representavam de um a nove. Depois, há cerca de 2.600 anos atrás, eles criaram um décimo símbolo, para representar o vazio.





Os indianos criaram um sistema decimal e posicional. Isto porque ele é formado por dez símbolos, com os quais se escreve qualquer número, e porque a ordem do símbolo na representação do número influencia no seu valor. É o sistema de ordens que conhecemos: dependendo do seu lugar na escrita do número, o algarismo 5, por exemplo, pode representar 5, 50, 500 e 5000, como acontece nos números 5, 53, 546 e 5.698.
Um símbolo para o zero, agrupamentos em dez e leitura pela posição dos números. Esta era a chave do sucesso do sistema indiano. Ele foi, por muito tempo, de uso exclusivo deste povo. Entretanto, isto mudaria por causa da curiosidade de um certo matemático árabe.

Seu nome era Al-Khowarizmi. Ele estudou por muito tempo a matemática indiana. Percebeu o quanto o sistema indiano facilitava cálculos e, ao mesmo tempo, o quanto era simples. Um sistema fantástico, que todos deveriam aprender. E foi por isso que Al-Khowarizmi escreveu o livro Sobre a arte hindu de calcular. Queria contar aquela novidade ao mundo.

Com o livro, matemáticos de todas as partes ficaram por dentro dos estudos do sábio árabe. Os símbolos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 ficaram conhecidos como a notação de Al-Khowarizmi. Daí o nome algarismo, forma latina de falar o nome árabe.




Os símbolos inventados pelos indianos e divulgados pelos árabes são os números que utilizamos hoje. Por isso, eles formam o chamado sistema indo-arábico de numeração.

Colaboração: Paulo Henrique Colonese e Anna Karla da Silva -
Parque da Ciência / Museu da Vida

terça-feira, 5 de maio de 2015

Parábola da Laranja

“É dito que o homem é fruto do meio em que vive”
Pensei :- Então uma laranja é um fruto que lá no seu pé é igual aos demais, e o laranjal e todas as laranjas que ali estão têm o mesmo tipo de tratamento, a mesma terra, o mesmo adubo são ministrados em todo o laranjal, refleti !  então todas tem o mesmo sabor e qualidades e são filhas da mesma semente; pensando nisso retirei um fruto daquela laranjeira daquele mesmo laranjal, e, levei para casa e comecei a dar aquele fruto um tratamento diferente, dei-lhe um polimento, dei-lhe alimentação mais rica, dei-lhe novas qualidades.
Passado um tempo, provei da laranja do “velho” laranjal não havia mudado em absolutamente nada; provei então a laranja que havia sido tratada de forma diferente, experiência maravilhosa, o sabor era mais rico, tinha mais sumo, e adquirira as qualidades que lhe haviam sido dadas, transformara-se em uma “nova laranja”; fiz então mais uma reflexão, “uma laranja comum tirada do pé de origem tratada diferentemente, dando – lhe qualidades adequadas não justifica o adagio de que “Somos frutos do meio”.
É o meio que não dá aos frutos suas necessidades para que ele possa adquirir o sabor e as qualidades que são latentes nele, só precisam de um tratamento diferente, da devida atenção e teremos um fruto especial.