terça-feira, 19 de junho de 2012

Krishnamurti - Um Pensador

Quanto mais você está consciente de seus pensamentos-emoções, mais está ciente do seu ser completo. Então as horas de sono tornam-se uma intensificação das horas em vigília. Funções conscientes mesmo no assim chamado sono, das quais estamos bem cientes. Você pensa em um problema com muito afinco e mesmo assim não consegue resolvê-lo; você “dorme sobre ele”, frase que frequentemente usamos. De manhã descobrimos que suas saídas são mais claras, e parece que sabemos o que fazer; ou percebemos um aspecto novo dele que ajuda a esclarecer o problema. Por que isto acontece? Podemos atribuir-lhe muito mistério e despropósito, mas o que acontece? No assim chamado sono, a mente consciente, fina camada está quieta, talvez receptiva; ela preocupou-se com o problema e agora, estando consciente, está quieta, a tensão esvaneceu. Então as incitações das camadas mais profundas da mente são discerníveis e quando você acorda, o problema parece ter-se tornado mais claro e mais fácil de resolver. Portanto, quanto mais você está ciente de seus pensamentos-sentimentos durante o dia, não por uns poucos segundos ou durante um expediente, a mente torna-se mais calma, alerta, atentamente passiva, e assim capaz de responder e compreender as insinuações mais profundas. Mas é difícil estar tão cônscio; a mente consciente não é usada a tal intensidade. Quanto mais ciente a mente consciente, mais a mente interior coopera com ela, e assim há compreensão mais profunda e mais ampla.
 Muito tem sido escrito sobre a mente inconsciente, especialmente no Ocidente. Extraordinária importância lhe tem sido dada. Mas ela é tão trivial, tão rasteira quanto a mente consciente. Você pode observá-lo por si próprio. Se você observa verá que o que é chamado inconsciente é o resíduo da raça, da cultura, da família, de suas próprias motivações e apetites. Ela está lá, oculta. E a mente consciente está ocupada com a rotina diária da vida, indo ao escritório, sexo, e assim por diante. Dar importância a uma ou a outra parece absolutamente estéril. Ambas têm muito pouca importância, exceto que a mente consciente tem que ter conhecimento tecnológico para garantir uma subsistência.Esta constante batalha, ambas incluídas, no nível mais profundo assim como no nível superficial, é nosso estilo de vida. É um estilo de desordem, de confusão, contradição, miséria, e para uma mente presa a isso, tentar meditar é sem sentido, infantil.
Nós dividimos essa consciência em consciente e inconsciente. Estamos ocupados com um cantinho dela, o qual é a maior parte da nossa vida; e do resto estamos inconscientes, não sabemos nem mesmo como penetrá-lo. Nós o notamos somente quando há uma crise, quando há certa demanda urgente, uma determinada provocação imediata, que tem que ser respondida imediatamente, somente então agimos como entidades completas. Tendo dividido a mente em consciente e inconsciente, olhamos a partir do consciente – que é só uma pequena parte dela – no todo da mente. Agora o palestrante está perguntando: Existe tal coisa como o inconsciente, com certeza? Existe algo que esteja oculto, que tem que ser interpretado através de sonhos, mediante investigação, análise e assim por diante, que chamamos de inconsciente? Ou é apenas isso, porque você prestou atenção demais ao cantinho desse campo que chama de consciência e não prestou atenção ao campo inteiro, não está ciente de todo o conteúdo do campo. Para penetrá-lo muito cuidadosamente, você tem que olhar sua própria consciência. 
Vejam, nós só temos operado dentro da área do pensamento na medida do conhecimento. Certo? Existe outra parte, outra área da mente, a qual inclui o cérebro, que não seja tocada pelo esforço humano, dor, ansiedade, medo, e toda a violência, todas as coisas que o homem tem feito através do pensamento? A descoberta dessa área é a meditação. Isso implica a descoberta de se o pensamento pode chegar a um fim, mas ainda operar quando necessário, no campo do conhecimento? Precisamos do conhecimento, caso contrário não podemos funcionar, não seríamos capazes de falar nem capazes de escrever, e assim por diante. O conhecimento é necessário para o cérebro funcionar, e seu funcionamento torna-se neurótico quando o status torna-se de todo importante, o que é a entrada do pensamento como o “mim”, como status. Portanto o pensamento é necessário e, todavia a meditação é para descobrir, ou trazer à tona, ou observar, uma área na qual não haja nenhum movimento do pensamento. Podem os dois viver juntos, em harmonia, diariamente?
O cérebro tem capacidade infinita; ele é realmente infinito. Essa capacidade é hoje utilizada tecnologicamente. Tal capacidade tem sido usada para reunir informações. Essa capacidade tem sido empregada para armazenar conhecimentos – científicos, políticos, sociais e religiosos. O cérebro tem ficado ocupado com isso. Então, é precisamente essa função (essa capacidade tecnológica) que a máquina vai assumir. Quando isso acontecer, o cérebro – sua capacidade – vai encolher, assim como os meus braços se eu não os utilizar o tempo todo. A questão é: Se o cérebro não estiver ativo, se não estiver trabalhando, se não estiver pensando, o que acontecerá a ele? Ou ele mergulhará no entretenimento – e as religiões, os rituais e os pujas são entretenimentos – ou se voltará para a investigação interior. Essa investigação é um movimento infinito. Essa investigação é religião
 Os cientistas estão agora inventando a “máquina mais inteligente de todas”, um computador superior ao homem em todos os campos. Se a máquina pode superar o homem, então o que é o homem? O que é você? Qual é o futuro do homem? Se a máquina pode assumir todas as operações que agora pertencem ao pensamento, e fazê-las muito mais rapidamente, se pode aprender muito mais depressa, se pode competir com o homem e, de fato, fazer tudo o que o homem pode fazer – exceto olhar para a bela estrela vespertina, solitária no céu, ver e sentir sua extraordinária quietude, firmeza, imensidade e beleza – então o que é que vai acontecer à mente, ao cérebro do homem? Nossos cérebros têm vivido até aqui como resultado da luta pela sobrevivência mediante o conhecimento, e, quando a máquina assumir tudo isso, o que é que vai acontecer? Só há duas possibilidades: o homem se dedicará totalmente ao entretenimento – futebol, esportes, todas as formas de manifestação, frequentando templos e brincando com tudo isso – ou se voltará para dentro de si mesmo
 O cérebro tem extraordinária capacidade, mas foi condicionado e, por isso, é limitado. Não é limitado no mundo tecnológico (computadores e outras coisas), mas é muito limitado em relação à psique. Tem-se dito: “Conheça-se a si mesmo” – entre os gregos, entre os antigos hindus, etc. Estudam a psique dos outros, mas nunca estudam a sua própria. Os psicólogos, os filósofos, os especialistas, nunca estudam a si mesmos. Eles estudam ratos, coelhos, pombos, macacos, etc., mas nunca dizem: “Vou examinar a mim mesmo. Sou ambicioso, ávido, invejoso. Concorro com o meu vizinho, com os meus colegas cientistas.” É a mesma psique que existe há milhares de anos. Embora tecnologicamente, por fora, sejamos maravilhosos, interiormente somos primitivos, não somos? Portanto, o cérebro é limitado, primitivo, no mundo da psique.
 Observe por si mesmo como o cérebro funciona. Ele é o armazém da memória, do passado. Essa memória responde o tempo todo, em termos de gosto e aversão, de justificação, condenação, etc. Ela responde de acordo com o seu condicionamento, cultura, religião, educação, coisas que armazenou. Esse depósito de memória, a partir do qual nasce o pensamento, guia a maior parte da nossa vida. Ele dirige e modela a nossa vida todo o dia, minuto a minuto, consciente ou inconscientemente; ele gera o pensamento, o “eu”, que é a própria essência do pensamento e das palavras.

A habilidade da inteligência é colocar o conhecimento no seu devido lugar. Sem conhecimento não é possível viver nessa civilização tecnológica e quase mecânica, mas ele não transformará o ser humano e sua sociedade. O conhecimento não é a excelência da inteligência; a inteligência pode e deve usar o conhecimento e consequentemente transforma o homem e sua sociedade. A inteligência não é o mero cultivo do intelecto e sua integridade. Ela deriva da compreensão da consciência inteira do homem, você próprio e não uma parte, um segmento separado de você mesmo. O estudo e o entendimento do movimento de sua própria mente e coração dão à luz essa inteligência. Você é o conteúdo de sua consciência; conhecendo-se a si mesmo você conhecerá o universo. Este saber está além da palavra, pois a palavra não é a coisa. A libertação do conhecido, a cada minuto, é a essência da inteligência. É essa inteligência que está em operação no universo se você o deixa em paz. Vocês estão destruindo essa santidade da ordem através de sua própria ignorância. Essa ignorância não é banida por estudos que outros têm feito sobre vocês ou por vocês próprios. Vocês, por vocês mesmos, têm que estudar o conteúdo de sua própria consciência.

A maioria de nós está indiferente a esse extraordinário universo à nossa volta; nunca vemos nem mesmo o oscilar da folha ao vento; nunca prestamos atenção à folhinha da grama, tocamo-la com nossa mão e conhecemos a qualidade da sua existência. Isso não é apenas ser poético, então, por favor, não entrem em um estado emocional especulativo. Eu digo que é essencial ter aquele profundo sentimento pela vida e não ser aprisionado em ramificações intelectuais, discussões, aprovação em exames, citações, e desprezando algo novo afirmando que isso já foi dito. O intelecto não é o caminho. Ele não resolverá nossos problemas; o intelecto não nos dará o sustento que é imperecível. O intelecto pode raciocinar, discutir, chegar a uma conclusão por inferências e assim por diante, mas o intelecto é limitado, pois o intelecto é o resultado do nosso condicionamento. Mas a sensibilidade não. A sensibilidade não tem nenhum condicionamento; ela o leva diretamente para fora do campo dos medos e ansiedades. A mente que não é sensível a tudo a sua volta – à montanha, ao poste telegráfico, a lâmpada, a voz, ao sorriso, tudo – é incapaz de encontrar o que é verdadeiro. -

Em nossa busca por conhecimento, em nossos desejos de posse, estamos perdendo o amor, estamos embotando o sentimento de beleza, a sensibilidade à crueldade; estamos nos tornando mais especializados e menos integrados. A sabedoria não pode ser substituída pelo conhecimento, e nenhuma abundância de explicações, nenhum acúmulo de feitos libertará o homem do sofrimento. O conhecimento é necessário, a ciência tem seu lugar; mas se a mente e o coração são sufocados pelo conhecimento, e se a causa do sofrimento é desconsiderada, a vida torna-se fútil e sem sentido. E não é isso que vem acontecendo com a maioria de nós? Nossa educação vem-nos fazendo mais e mais superficiais, não nos está ajudando a descobrir as camadas mais profundas do ser, e nossas vidas estão cada vez mais desarmoniosas e vazias.A informação, o conhecimento de fatos, embora sempre crescente, é por sua própria natureza limitado. A sabedoria é infinita, ela inclui o conhecimento e o modo de agir; mas nos apossamos de um galho e pensamos que é a árvore inteira. Através do conhecimento da parte, não podemos nunca perceber a alegria do todo. O intelecto nunca pode conduzir ao todo, pois ele é apenas um segmento, uma parte. -

Há uma distinção entre intelecto e inteligência. Intelecto é o pensamento funcionando independentemente da emoção, ao passo que inteligência é a capacidade de sentir tão bem quanto raciocinar; e até que abordemos a vida usando a inteligência ao invés do intelecto apenas, ou com emoção somente, nenhum sistema político ou educacional pode salvar-nos das redes do caos e destruição.O conhecimento não é comparável com a inteligência, conhecimento não é sabedoria. A sabedoria não é comerciável, não é uma mercadoria que possa ser comprada com o preço do aprendizado ou disciplina. A sabedoria não pode ser encontrada em livros; não pode ser acumulada, memorizada ou armazenada. A sabedoria vem com a renúncia do eu. Ter uma mente aberta é mais importante que aprender; e podemos ter uma mente aberta não a abarrotando de informação, mas estando cônscios de nossos próprios pensamentos e sentimentos, observando cuidadosamente a nós mesmos e as influências sobre nós, escutando os outros, prestando atenção ao rico e ao pobre, o poderoso e o humilde. A sabedoria não vem através do medo e da opressão, mas através da observação e da compreensão dos incidentes cotidianos no relacionamento humano. -

Psicologicamente, internamente, é o pensamento necessário? Deve-se entender essa questão muito profundamente. O homem, através de milênios e milênios, tem sido aprisionado nesse padrão. E nesse padrão nunca há liberdade, porque o conhecimento, sendo limitado, nunca pode trazer liberdade. Precisamos de liberdade absoluta para achar aquilo que é eterno – obviamente – libertação de todo apego, que significa libertar-se de todo conhecimento. Portanto o conhecimento, embora necessário numa certa direção, é a coisa mais perigosa que temos internamente. Estamos agora acumulando uma grande quantidade de conhecimento, sobre o universo, sobre a natureza de tudo – cientificamente, analiticamente, arqueologicamente, e assim por diante. E esse conhecimento pode nos estar impedindo de agir como seres humanos totais, completos. -
O conhecimento é absolutamente essencial. Você pode tornar-se dependente dele, afastar-se dele, mas a imensidão do conhecimento é uma necessidade humana. Agora, é o conhecimento necessário ao relacionamento entre seres humanos? Estamos relacionados uns com os outros, somos seres humanos, vivemos na mesma terra, essa é nossa terra, não a terra Cristã, ou Inglesa, ou Indiana, a sua beleza, sua maravilhosa riqueza, ela é nossa para ser desfrutada. E que papel tem o pensamento no relacionamento? Relacionamento significa estar relacionado, relacionamento significa responder um ao outro em liberdade, com sua responsabilidade. Então, que papel tem o pensamento no relacionamento? O pensamento, que é capaz de recordar, imaginar, idealizar, projetar, calcular: Que papel ele tem no relacionamento humano? Ele tem algum papel, afinal? -

A dependência do conhecimento é como qualquer outra dependência; ela oferece uma fuga do medo do vazio, da solidão, da frustração, do medo de ser nada. A luz do conhecimento é uma delicada cobertura sob a qual repousa uma obscuridade que a mente não pode penetrar. A mente é temerosa desse desconhecido, e assim escapa para o conhecimento, para as teorias, esperanças, imaginação; e esse mesmo conhecimento é um obstáculo à compreensão do desconhecido. Pôr de lado o conhecimento é invocar o medo, e negar a mente, que é o único instrumento de percepção que se tem, é ser vulnerável ao sofrimento, ao prazer. Mas não é fácil pôr de lado o conhecimento. Ser ignorante não é ser livre do conhecimento. Ignorância é a falta de autoconsciência; e conhecimento é ignorância quando não há nenhuma compreensão dos caminhos do eu. A compreensão do eu é a libertação do conhecimento. -

Até que nós comecemos a quebrar este círculo vicioso da ignorância que somente cria mais ignorância, a autoconfiança não poderá promover a libertação da dor. Contudo, para entender esta continuidade da ignorância e da dor, cada um tem de se tornar completamente autoconfiante para ser capaz de explorar o desejo, o medo, as tendências, as memórias e assim por diante. A mera autoexpressão não é criatividade, e para se ser verdadeiramente criativo, é necessário entender o processo do eu e então ser livre dele. Através de séria conscientização do que realmente está se expressando, nós começamos a entender as causas limitadas do passado que controlam o presente, e neste entendimento esforçado vem uma libertação da causa da ignorância. A verdadeira autoconfiança, não a autoconfiança com o propósito de uma mera expressão agressiva do eu, pode acontecer somente através da compreensão do processo do desejo, com seus valores limitantes, medos e esperanças; então a autoconfiança tem grande significado, pois através de uma própria conscientização esforçada existe totalidade, plenitude. 

TA falta de compreensão de si próprio é ignorância. Isto é, é preciso discernir como se surge, o que se é, todas as tendências, as reações, os motivos escondidos, as crenças autoimpostas e buscas. Até que cada um entenda isso com profundidade, não pode haver cessação da dor, e a confusão da ação dividida, em econômica e religiosa, pública e privada, continuará. Os problemas humanos que nos perturbam agora desaparecerão somente quando cada um for capaz de discernir o processo autossustentável da ignorância. Para discernir é necessário paciência e consciência constante. - 

Ao perceberem a impermanência do eu, existem aqueles que dizem que o permanente é encontrado quando se joga fora as muitas camadas do eu, o que requer tempo, e então, é necessário reencarnar. O eu, o resultado do desejo, a causa da ignorância e dor, continua enquanto observamos; mas para entender e transcender, não devemos pensar em termos de tempo. Através do tempo o atemporal não é percebido. Esta abordagem da realidade através do gradualismo, através do lento processo evolucionário, através do nascimento e morte não é errônea? Isto não é a racionalização do pensamento condicionado, do adiamento, da preguiça e ignorância? Esta ideia de gradualismo existe, não é mesmo, porque nós não pensamos-sentimos de maneira direta e simples. Nós escolhemos uma explicação satisfatória, uma racionalização do nosso esforço confuso e preguiçoso. Através do pensar condicionado, através do adiamento pode o real ser descoberto? O eu, a causa da ignorância e tristeza - pode tornar-se gradualmente perfeito através do tempo? Ou através do tempo pode o eu dissolver a si próprio? Isto que é em sua própria natureza a causa da ignorância - pode tornar-se iluminado? Ele não deve deixar de existir antes que possa haver luz? Sua cessação é uma questão de tempo, um processo horizontal, ou a iluminação é possível somente quando o pensamento-sentimento abandona este processo horizontal de tempo e pode então pensar-sentir verticalmente, diretamente? Ao longo deste caminho horizontal do tempo, do adiamento, da ignorância, não há verdade; ela pode ser encontrada verticalmente em qualquer ponto ao longo do processo horizontal se o pensamento-sentimento puder sair dele, libertando-se do desejo e do tempo. Esta liberdade não é dependente do tempo, mas da intensidade da consciência e da plenitude do autoconhecimento.
A ignorância existe mesmo quando alguém possui grande conhecimento, uma boa educação, é sofisticado, tem uma grande capacidade em atividades na qual se adquire fama, notoriedade, dinheiro. A ignorância não é dissipada pela acumulação de um grande número de feitos e muita informação – o computador pode fazer tudo isso melhor do que a mente humana. A ignorância é a absoluta falta de autoconhecimento. A maioria de nós é superficial, mesquinho, tem muita tristeza e ignorância como parte da nossa sina. De novo, isto não é um exagero, não é uma suposição, mas um fato real de nossa existência diária. Nós somos ignorantes de nós mesmos e nisso repousa muito sofrimento. Essa ignorância origina toda forma de superstição, perpetua o medo, engendra esperança e desespero e todas as invenções e teorias de uma mente astuta. Portanto a ignorância não só cria sofrimento, mas causa uma grande confusão em nós mesmos.

Um grande número de cientistas no Ocidente tem-se dedicado à questão do cérebro. Eles dizem que estamos usando somente uma parte muito pequena do cérebro. Podemos observar se isto é verdade em nós próprios, pois isto é parte da meditação para descobrir – por nós mesmos – se todo o cérebro ou apenas uma parte muito pequena está operando. Agora, o pensamento é a resposta da memória que tem sido armazenada através do conhecimento; o conhecimento é apreendido através da experiência. Isto é, experiência, conhecimento, memória armazenada no cérebro, então há o pensamento e a ação. Este é o nosso padrão de vida, e todo o processo é baseado nesse movimento. O homem tem feito isso durante os últimos milhões de anos. Ele está aprisionado no ciclo, que é o movimento do pensamento. E dentro dessa área ele tem escolha. Ele pode ir de um canto a outro e dizer, “Esta é minha escolha, este é meu movimento de liberdade” – porém isto está sempre no limitado campo do conhecido. E o conhecimento está sempre acompanhado pela ignorância porque não existe conhecimento completo sobre coisa alguma. Portanto estamos sempre nesse estado contraditório: conhecimento e ignorância.